“Agora (Juan) Guaidó quer sentar-se a dialogar comigo. Será que lhe derem a ordem desde o Norte (EUA)”, disse Nicolás Maduro, na quarta-feira.
O Presidente da Venezuela falava durante uma reunião de trabalho com membros do Governo, transmitida pela televisão estatal.
“Estou de acordo em dialogar, com a ajuda da União Europeia, os Estados Unidos, o reino da Noruega e do Grupo de Contacto, e com toda a oposição para ver se deixam o caminho da guerra e se juntam ao eleitoral. Aprovada a proposta”, disse.
Nicolas Maduro frisou ainda estar na disposição de reunir-se com a oposição “onde e quando quiserem".
O Presidente da Venezuela frisou ainda que se Juan Guaidó “quer dialogar, quer recapacitar” será “bem-vindo”.
“Mas, tem que incorporar-se aos diálogos que já estão em curso. Não pense ele que é o líder supremo de um país que não o reconhece”, frisou.
O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, propôs, terça-feira, avançar com um “acordo de salvação nacional” entre as “forças democráticas” e o Governo de Nicolás Maduro que inclua um calendário para eleições livres e levantamento progressivo das sanções internacionais.
“A gravidade da crise, os nossos aliados, a comunidade internacional e o que construímos ao longo dos anos nos dizem que devemos chegar a um acordo para salvar a Venezuela. Não a qualquer acordo ou negociação que mantenha igual o que hoje está (…) ou que troque espelhos por alguns encargos”, disse.
A proposta foi feita através de um vídeo, divulgado em Caracas, em que começa por dizer que o país “vive a pior crise” da sua história e que o momento atual “necessita de seriedade, empatia por quem mais sofre, ação ligada aos princípios e buscar ações realistas e viáveis”.
“Estamos a usar todos os mecanismos e capacidades que dependem de nós, mas ainda temos que atingir o objetivo fundamental de recuperar nossa democracia”, afirmou.
Segundo Guaidó “a Venezuela precisa de um acordo de salvação nacional” que, “entre as forças democráticas representadas pelo governo interino, a Assembleia Nacional e a plataforma unitária, os atores que constituem e sustentam o regime e a comunidade internacional, especialmente as potências internacionais”.
“Propomos um acordo que inclua, a convocação de um calendário de eleições livres e justas: presidenciais, parlamentares, regionais e municipais com observação e apoio internacional”, explica.
O acordo, explicou, deve ainda incluir “a entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a Covid-19; garantias para todos os atores das forças democráticas e também do ‘chavismo’, com mecanismos para a reinstitucionalização da Venezuela”.
Também a libertação dos presos políticos, o regresso dos exilados, “justiça de transição”, o compromisso da comunidade internacional para a recuperação e “oferecer incentivos ao regime, incluindo o levantamento progressivo das sanções, condicionado ao cumprimento dos objetivos fundamentais do acordo”.
Guaidó diz que “ninguém confia na ‘ditadura’” e que é preciso “maior pressão nacional e internacional” para garantir um processo que inclua as garantias, mas também “mecanismos para prestação de contas” se o regime “tentar de novo evadir uma solução negociada”.
Guaidó disse ainda estar na disposição de participar em qualquer mecanismo para construir uma melhor unidade e legitimar a luta opositora, mas que “conspirar com a ‘ditadura’ para se legitimar como tirania, e oposição leal a essa tirania, não conduz à liberdade, mas à submissão e à normalização da pior tragédia” que o país já viveu.