O Governo da Madeira vai financiar o afundamento de mais dois navios da Marinha para criar recifes artificiais, disse ontem o chefe do executivo, logo após a corveta “Afonso Cerqueira” ter ido ao fundo ao largo do Cabo Girão.
"Este afundamento corresponde àquilo que é o nosso programa de governo: a criação de um roteiro de recifes artificiais para o mergulho, que tem crescido exponencialmente como polo de atratividade do turismo na Madeira", explicou Miguel Albuquerque.
O presidente do Governo Regional da Madeira assistiu ontem, cerca das 15:00, a bordo do “NRP Mondego”, à submersão da corveta “Afonso Cerqueira”, que agora se encontra a 35 metros de profundidade no Parque Marinho do Cabo Girão.
"A nossa ideia é, depois deste afundamento, fazermos mais dois – uma fragata e um patrulha que esteve muitos anos ao serviço da Madeira, o Cacine, na costa leste, entre Santa Cruz e Machico", esclareceu o governante, vincando que o processo deverá estar concluído dentro de pouco mais de um ano.
A “Afonso Cerqueira”, que esteve ao serviço da Marinha durante 43 anos, é a terceira embarcação a ser afundada nos mares do arquipélago com o propósito de criar recifes artificiais, depois do navio “Madeirense”, em 2012, e da corveta “Pereira de Eça”, em 2016, ambos no Porto Santo.
A operação implicou algumas medidas de segurança, como o encerramento de estradas junto à costa e a interdição do miradouro do Cabo Girão, um dos locais mais visitados por turistas, para evitar eventuais danos provocados por ondas de choque após a detonação dos explosivos.
"Os sismógrafos colocados no Cabo Girão e em Câmara de Lobos registaram 0,0, ou seja, as vibrações não atingiram a costa, não houve estragos, as estradas vão ser reabertas, vai tudo voltar ao normal e o afundamento foi um grande sucesso", disse, entretanto, a secretária regional do Ambiente e Recursos Naturais, Susana Prada.
A governante sublinhou que pouco depois do afundamento uma equipa de mergulhadores da Marinha inspecionou o navio para confirmar se as cargas foram todas detonadas, sendo que o mesmo pode começar a ser visitado por mergulhadores dentro de dois dias.
"Este navio vai constituir um recife artificial, que vai fazer aumentar a biodiversidade nesta zona", referiu, lembrando, como exemplo, que a corveta afundada no Porto Santo em 2016 abriga agora mais de 20 espécies de animais marinhos.
O afundamento da “Afonso Cerqueira” representou um investimento do executivo regional de 500 mil euros e despertou a curiosidade de centenas de pessoas, que assistiram à operação a bordo de pequenas embarcações e em terra, na vila de Câmara de Lobos.
LUSA