“Já dei instruções hoje, estamos a ponderar avançar e nos socorrermos de todos os mecanismos legais e reclamar judicialmente junto da TAP uma indemnização que a região tem de pedir pelos elevados prejuízos que está a causar à sua economia”, declarou Miguel Albuquerque na cerimónia que atribuiu 48 galardões ‘Green Key’ a estabelecimentos turísticos madeirenses, premiando as suas boas práticas ambientais.
Em causa estão os cerca de 70 cancelamentos de voos da TAP para a Madeira desde o início do ano, o que, de acordo com o chefe do executivo insular afetou aproximadamente 10 mil passageiros.
“Temos assistidos nos últimos meses ao que é uma vergonha, que é a forma como a TAP tem tratado os madeirenses e prejudicado a nossa economia”, declarou o líder madeirense.
No entender de Miguel Albuquerque “também é uma vergonha, e é preciso dizê-lo e de uma forma muito clara, a forma como o Estado português, que é sócio maioritário da TAP, se tem comportado”.
O responsável do arquipélago argumentou que a postura do executivo nacional “demonstra que não tem a mínima preocupação nem com a Madeira, nem com os madeirenses” quando permite a TAP “de forma sistemática, reiterada, desde o início do ano cancelar voos” para a região “de forma discriminatória, sem respeito nenhum nem pelas pessoas, nem pelos passageiros e tratando os cidadãos, que merecem respeito, de forma desprezível”.
Miguel Albuquerque classificou esta situação de “inadmissível”, salientando que, além dos cancelamentos de voos, também se verificam “inúmeros atrasos”.
No entender do governante regional, “isto acontece devido à “incompetência executiva e negligência” da transportadora, que opta por cancelar os voos para a Madeira – devido à falta de pessoal – porque “são os que têm menos custos para a companhia, em vez de cancelar para o continente europeu”.
Miguel Albuquerque disse que a forma como a TAP está a tratar os madeirenses e a região “é de terceiro mundo”, porque afeta pessoas que foram fazer tratamentos a Lisboa, crianças, atletas, idosos, estudantes, sem assegurar alojamento ou refeições.
“Isto acontece porque a TAP acha que tem rede livre, pode fazer o que quer e esta administração não tem qualquer responsabilidade, nem cívica nem social”, sustentou.
Recordou que tudo isto está a acontecer quando a Madeira foi galardoada como o Melhor Destino Insular da Europa pela quinta vez, tendo a TAP resolvido “contribuir para dar cabo do turismo quando toda a gente sabe que 80% dos turistas chegam por via aérea, muitos deles pela companhia aérea nacional”.
“Nós não podemos aceitar continuar a ser prejudicados. Alertámos, mandámos carta ao Presidente da República para tomar conhecimento e fazer as diligências ao seu alcance para fazer cessar o mais rapidamente este escândalo”, informou.
O responsável indicou que a Madeira “já alertou o Governo, o primeiro-ministro, o ministro da tutela por diversas vezes para esta situação que é inaceitável”.
Mas, complementou, “obviamente tratando-se da Madeira, eles não querem saber da Madeira para nada. Isto também é a verdade e preferem assobiar para o lado, quando não estão no palco do ‘Rock in Rio’. Não querem saber”.
Por isso, Miguel Albuquerque reforçou que o Governo Regional “não pode aceitar nem cancelamentos em cima da hora, tratando os concidadãos sem dignidade e de forma desprezível”.
“A TAP, por estas práticas que são abusivas, contribui obviamente para a degradação do destino Madeira enquanto produto de excelência”, concluiu justificando a decisão de recorrer a mecanismos legais para resolver a situação.
LUSA