Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos entre 2003 e 2011, regressa ao Palácio da Alvorado após uma vitória na segunda volta, pela primeira na história democrática recente do Brasil, sobre um chefe de Estado que era recandidato.
O antigo sindicalista terá como vice-presidente Geraldo Alckmin, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que já havia sido seu opositor nas eleições presidenciais de 2006, então pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
A diferença de votos no escrutínio de hoje foi a mais curta de sempre. Nas presidenciais de 2014, Dilma Rousseff venceu com 54,5 milhões de votos (51,64%) contra Aécio Neves, que totalizou 51,04 milhões (48,36%).
Mais de 156 milhões de brasileiros estavam inscritos para a segunda volta das presidenciais, que colocou frente a frente Lula da Silva e Jair Bolsonaro, numa votação que ninguém admitia perder.
Lula da Silva era o favorito segundo os principais institutos de sondagens, com entre cerca de cinco a sete pontos percentuais à frente do atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Na primeira volta das eleições realizadas a 02 de outubro, Lula também era o favorito e venceu mesmo com 48,4%. Contudo, as sondagens não descortinaram a força de Jair Bolsonaro que acabou com 43,2%.
Em causa nestas eleições estavam duas personalidades antagónicas que dividiram o país em dois numa polarização nunca antes vista na sociedade brasileira.
A incógnita permanece ainda a possibilidade de Jair Bolsonaro aceitar, ou não, os resultados das eleições de domingo.
Para além de semear há meses dúvidas sobre a legitimidade das urnas eletrónicas e sobre as ações do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal, que Bolsonaro acusa de favorecer o seu adversário, o Presidente brasileiro e a sua campanha criticaram durante a semana a decisão das autoridades eleitorais de negarem uma investigação a alegados crimes eleitorais que fazem com que a sua candidatura presidencial esteja a perder votos em certas localidades.
Bolsonaro e a sua campanha alegam que dezenas de rádios deixaram de transmitir a sua propaganda gratuita, à qual todos os candidatos têm direito, uma conclusão assegurada através da contratação de duas auditorias que investigaram o caso. “Está comprovada a diferenciação ao outro candidato", disse, insinuando que o candidato presidencial Lula da Silva poderá estar envolvido.
A campanha de Lula não ficou indiferente a estas acusações e denunciou que Jair Bolsonaro está a seguir uma "tática" para questionar o resultado das urnas, no caso de uma derrota.
A votação para as presidenciais realizou-se em 5.570 cidades do país e em 181 locais no exterior, com o apoio de quase 1,8 milhões de delegados e membros de mesa.
O total de eleitores brasileiros no exterior cresceu 39% face às eleições de 2018, atingindo os 697.084.
Em Portugal, estavam inscritos mais de 80 mil eleitores, que votaram em Lisboa, Porto e Faro, tendo também Lula da Silva sido o mais votado.