No frente a frente na RTP3 no âmbito das eleições legislativas de 10 de março, Rui Tavares considerou que o PAN é incoerente porque apoiou o Governo na Madeira – através de um acordo de incidência parlamentar – que tem uma história de “descaso com o ambiente, desordenamento do território e maus-tratos a animais”.
Na opinião de Rui Tavares, os partidos devem dizer claramente ao que vêm deixando claro que, nas próximas legislativas, se houver uma maioria de progresso e ecologia à esquerda, o Livre fará parte da solução, caso contrário será oposição que “também é muito importante”.
Na resposta, Inês Sousa Real afirmou que o PAN é uma força política útil à democracia, demonstrando que os madeirenses e porto-santenses não têm de estar reféns da maioria absoluta.
A porta-voz do PAN frisou que o partido, através da sua representação na Madeira, fez avançar as suas causas.
E acrescentou: “Projetos como o teleférico no Curral das Freiras e a estrada da Ginjas foram suspensos pela ação do PAN e Miguel Albuquerque [presidente do Governo Regional] foi afastado antes de o PSD o fazer pela ação responsável do PAN”.
Esta questão em torno da Madeira surgiu porque minutos antes de começar o debate soube-se que o ex-autarca do Funchal Pedro Calado e os dois empresários detidos há três semanas, no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira, vão ficar em liberdade, sob termo de identidade e residência.
Aproveitando esta situação, o porta-voz do Livre pediu uma reforma da justiça portuguesa, alegando que há várias coisas que não estão bem e defendendo um grande debate nacional sobre esta matéria.
Na sua visão, o país exige mais transparência, mais responsabilização e mais participação dos cidadãos nos processos de decisão política.
Também Inês Sousa Real entendeu que é necessário avançar para uma reforma da justiça porque que há matérias que “têm ficado para trás”, nomeadamente a regulamentação do `lobbying´.
Para a porta-voz do PAN, é preciso um reforço de meios na justiça e uma melhor comunicação.
Num debate ‘morno’, os dois líderes políticos divergiram em matéria ambiental, nomeadamente em questões relacionadas com o lítio em Portugal, com Inês Sousa Real a ser absolutamente contra a sua exploração e Rui Tavares a aceitar, caso a mesma não implique novas minas.
Apesar de assumir algumas reservas em relação à exploração do lítio, Rui Tavares concorda com uma exploração pontual em minas que já existem para desenvolver a fileira das baterias.
Já Inês Sousa Real foi taxativa em dizer não ao lítio por trazer problemas ambientais que não podem ser ignorados.
Na parte final do debate, os líderes do Livre e do PAN rebateram os apelos do PS ao voto útil, com Rui Tavares a lembrar que o voto no PS nem para implementar as suas ideias serve, e Inês Sousa Real a dizer que a maioria absoluta socialista foi pautada por inação.
Lusa