"Apelamos ao Governo central e ao governo do estado de Jonglei para que tomem medidas para pôr fim a este ato de natureza genocida dirigido à tribo murle", afirmou hoje David Ngiro, presidente da associação juvenil da comunidade murle, que condenou os combates e instou os grupos humanitários a intervir.
Grupos armados de jovens da tribo nuer, o segundo maior grupo étnico do Sudão do Sul, atacaram membros do grupo étnico murle, na área administrativa Grande Pibor, disse hoje o ministro da Informação de Pibor, Abraham Kelang.
Os combates, segundo Kelang, começaram no domingo quando jovens armados de Jonglei atacaram a aldeia de Lanam. O ministro afirmou ainda que membros de ambos os grupos foram mortos e que 17 pessoas do lado dos murle se encontravam entre os feridos.
O ministro da Informação do estado de Jonglei, John Samuel Manyuon, também condenou os combates e ordenou à juventude do estado que se retirasse imediatamente.
Jonglei apelou ainda ao Governo central em Juba para intervir, afirmando que a situação está fora do controlo das autoridades locais.
"Este é um ciclo de violência que se prolonga há muitos anos, e queremos o apoio do [Governo] nacional e dos nossos parceiros para encontrarmos a solução para o seu fim", disse Manyuon.
Os jovens de Jonglei também atacaram um quartel militar. O porta-voz militar major-general Lul Ruai disse que a "rebelião" seria tratada em conformidade.
A missão das Nações Unidas Sudão do Sul (UNMISS) alertou recentemente para a alegada mobilização de jovens nuer armados na área de Grande Jonglei, afirmando que isso poderia desencadear ataques violentos que poderão minar as recentes vitórias de paz alcançadas através de uma aproximação entre os líderes do estado de Jonglei e da área de Pibor.
Em março de 2020, combates semelhantes entre as duas comunidades deslocaram milhares de pessoas.
O Sudão do Sul, que obteve a independência do Sudão em 2011, tem sido marcado pela violência política e comunitária e por confrontos por disputas sobre gado e terras há décadas.
A insegurança continua a ser generalizada neste país do interior da África Oriental, apesar da formação de um Governo de transição em fevereiro de 2020, que reinstalou Riek Machar como o primeiro vice-presidente do país.