“O principal é que essa situação não se transforme em perseguição política em França”, declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa telefónica diária.
“Durov ainda é cidadão russo, e quanto à obtenção da cidadania francesa, não sabemos nada aqui, não é da nossa conta”, afirmou o porta-voz.
Peskov acrescentou que o fundador do Telegram “tem tudo o que é necessário para organizar a sua defesa jurídica”.
“É claro que o consideramos um cidadão da Rússia e, se for necessário, da melhor forma possível, estaremos prontos para lhe prestar assistência, como qualquer cidadão da Rússia”, disse Peskov.
“O Presidente de França (Emmanuel Macron) negou qualquer ligação política, mas, por outro lado, foram apresentadas determinadas acusações”, acrescentou o porta-voz russo.
A justiça francesa indiciou na quarta-feira o fundador do Telegram por crimes relacionados com a plataforma de mensagens encriptadas e libertou o franco-russo sob estrita vigilância judicial.
O controlo judicial prevê um depósito de cinco milhões de euros, a obrigação de comparecer duas vezes por semana numa esquadra e a proibição de sair do território francês, segundo a procuradora de Paris, Laure Beccuau.
Durov foi presente na quarta-feira à justiça francesa num processo que inclui 12 acusações relacionadas com a divulgação através do Telegram – plataforma que conta com quase mil milhões de utilizadores – de conteúdos relacionados com tráfico de droga, pornografia infantil e burlas.
A lista de crimes inclui cumplicidade na administração de uma plataforma ‘online’ para permitir transações ilícitas por parte de gangues organizados, recusa em cooperar com as autoridades através da partilha de documentos ou informações necessárias para evitar atos ilegais e cumplicidade em fraudes e tráfico de droga.
O bilionário de origem russa, de 39 anos, foi detido no sábado após aterrar num avião privado no aeroporto privado de Le Bourget, perto de Paris.
Durov – que também tem nacionalidade francesa e dos Emirados Árabes Unidos (EAU) – reside no Dubai, onde a plataforma Telegram tem a sua sede.
O fundador do Telegram está também a ser investigado em França por “violência agravada” contra um dos seus filhos, revelou hoje à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo.
O crime terá sido cometido contra um filho nascido em 2017, enquanto frequentava a escola em Paris, acrescentou.
Lusa