“Se dúvidas houvesse, bastaria ouvir o indisfarçável contentamento dos representantes do capital, dos dirigentes das confederações dos grandes patrões, dos banqueiros e da chusma de comentadores com eles alinhados, para perceber a quem serve esta maioria absoluta”, afirmou o líder comunista na sessão de encerramento da XI Assembleia da Organização Regional do PCP de Viana do Castelo.
“Por isso o PS queria tanto fugir da influência, intervenção e proposta do PCP para voltar em pleno ao que sempre foi”, insistiu durante a intervenção de mais de 20 minutos.
Na opinião de Jerónimo de Sousa, as “exigências” e a “cartilha da exploração” dos representantes do capital apontam “para mais desregulação da legislação laboral, para a travagem na valorização dos salários, para a redução dos impostos sobre os lucros, para mais privatizações dos serviços públicos e preparando-se para embolsar tranches cada vez maiores de recursos públicos, do Orçamento do Estado ou dos milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e outros mecanismos da União Europeia”.
“Esta semana ficámos a conhecer o novo Governo do PS de António Costa. O que é importante, mais do que saber da composição do Governo, é aferir do seu programa e da sua política”.
“Mais que conhecer este ou aquele ministro é saber se o PS, como tudo indica, continua a resistir a dar resposta aos problemas dos salários e dos direitos dos trabalhadores, da legislação laboral, do SNS, das creches, do custo de vida, da defesa da produção nacional e dos muitos outros problemas adiados”, sustentou Jerónimo de Sousa.
Para o líder comunista, o “novo enquadramento político, marcado pela obtenção da maioria absoluta do PS” vem confirmar o que o PCP, tem vindo a dizer nos últimos seis anos.
“O PS nunca abandonou as suas opções fundamentais, os seus compromissos com o grande capital e o poder económico dominante. E se nos últimos anos foram alcançados avanços importantes para a vida dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas, foi pela luta dos trabalhadores e porque o PCP os colocou como imprescindíveis e o Governo PS teve de os aceitar”, frisou.
O Presidente da República vai dar posse ao novo Governo na quarta-feira, pelas 17:00, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, depois da publicação em Diário da República do mapa oficial dos resultados das eleições legislativas.
De acordo com uma nota divulgada na página oficial da presidência da República na internet, o Presidente da República “marcou a cerimónia de posse de todos os membros do XXIII Governo Constitucional para a próxima quarta-feira, 30 de março, pelas 17:00”.
A cerimónia vai realizar-se, como é habitual, no Palácio Nacional da Ajuda.
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira, ao Presidente da República, a composição de um Governo com 17 ministros, menos dois do que no anterior.
Há novos titulares nas Finanças (Fernando Medina), nos Negócios Estrangeiros (João Gomes Cravinho), na Defesa (Helena Carreiras), na Administração Interna (José Luís Carneiro), na Justiça (Catarina Sarmento e Castro), na Economia e Mar (António Costa Silva), nos Assuntos Parlamentares (Ana Catarina Mendes), na Ciência e Ensino Superior (Elvira Fortunato), na Educação (João Costa), no Ambiente (Duarte Cordeiro) e na Cultura (Pedro Adão e Silva).
Continuam no executivo, e nas mesmas pastas, Mariana Vieira da Silva (Presidência), Marta Temido (Saúde), Ana Mendes Godinho (Segurança Social e Trabalho), Ana Abrunhosa (Coesão Territorial), Maria do Céu Antunes (Agricultura) e Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação).
Abandonam o Governo 11 ministros: Alexandra Leitão, Graça Fonseca, Francisca Van Dunem, João Leão, Augusto Santos Silva, Pedro Siza Vieira, Nelson de Souza, João Pedro Matos Fernandes, Manuel Heitor, Tiago Brandão Rodrigues e Ricardo Serrão Santos.
Este é o terceiro Governo chefiado por António Costa e o seu primeiro com maioria absoluta. Pela primeira vez, a composição de um executivo conta com mais mulheres do que homens, excluindo o primeiro-ministro.
Lusa