O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri, afirmou que o pacto deve levar à “retirada” das tropas da Linha de Controlo Atual, a longa fronteira dos Himalaias partilhada pelos dois países asiáticos.
Misri não especificou se isso significa a retirada das dezenas de milhares de tropas adicionais estacionadas pelos dois países ao longo da sua fronteira disputada na região norte de Ladakh, depois de os dois exércitos se terem confrontado em 2020.
O chefe da diplomacia indiana afirmou que o pacto é resultado de várias rondas de conversações realizadas nas últimas semanas entre negociadores diplomáticos e militares indianos e chineses, e que conduzirá “eventualmente a uma resolução das questões que surgiram nestas áreas em 2020”.
O anúncio foi feito na véspera da visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à Rússia para a cimeira dos BRICS, o bloco de economias emergentes que também envolve a China.
Modi deve manter conversações com o Presidente chinês, Xi Jinping, à margem do evento, segundo a imprensa indiana.
Os laços entre a Índia e a China deterioraram-se em julho de 2020, após um confronto militar que resultou na morte de pelo menos 20 soldados indianos e quatro chineses. A situação transformou-se num impasse de longa data na região montanhosa acidentada, onde cada lado estacionou dezenas de milhares de militares apoiados por artilharia, tanques e jatos de combate.
A Linha de Controlo Real separa os territórios detidos pela China e pela Índia, desde Ladakh, a oeste, até ao estado indiano de Arunachal Pradesh, a leste, que a China reivindica na sua totalidade.
Tanto a Índia como a China retiraram tropas de algumas áreas nas margens norte e sul do lago Pangong Tso, de Gogra e do vale de Galwan, mas continuam a manter tropas adicionais como parte de um destacamento de vários níveis.
Os principais comandantes dos exércitos indiano e chinês realizaram várias rondas de conversações desde o confronto militar para discutir a retirada das tropas das zonas de tensão.
A Índia e a China travaram uma guerra na sua fronteira em 1962. A Linha de Controlo Real divide as áreas de controlo físico e não as reivindicações territoriais. Segundo a Índia, a fronteira de facto tem 3.488 quilómetros de comprimento, mas a China reivindica um número consideravelmente mais curto.
Lusa