“É para lhe dar as boas-vindas”, justificou à Lusa o dirigente da tertúlia, Rui Santos, que fez questão de preparar uma entrada “especial” de lagosta para introduzir o “fiel amigo” no jantar na Associação Portuguesa do Cabo da Boa Esperança.
“Fui eu que o cortei, fui eu que demolhei o bacalhau e a grande surpresa para os nossos convidados desta noite é uma salada de ovas de pescada que preparei à semelhança do que fazíamos quando eu andava na pesca do bacalhau nos anos 1980, de forma que hoje, a Lusitânia fez o favor de doar 150 lagostas e para as guarnecer fiz uma salada de ovas com molho verde”, explicou Santos.
O aniversário da tertúlia assinalou-se em 15 de outubro, mas o bolo ficou de ser cortado especialmente para hoje, sublinhou.
Nesse sentido, recordando a visita de Paulo Cafôfo à Cidade do Cabo, em 2016, na qualidade de autarca do Funchal, que tem um protocolo com a município sul-africano assinado em 1987, o dirigente da tertúlia luso-sul-africana sublinhou a proximidade do governante português à comunidade imigrante no Cabo, maioritariamente oriunda da Região Autónoma da Madeira.
“Ele deixou aqui uma imagem muito agradável”, salientou Rui Santos, frisando que no Cabo “há muitas pessoas da Madeira, da terra e da freguesia dele”, e que os madeirenses “dão tudo e mais alguma coisa para apoiar os seus conterrâneos”.
Enquanto o jantar tardou, devido a um apagão, o técnico marítimo considerou também à Lusa que, no campo político, o novo secretário de Estado tem uma perspetiva sobre a política e as comunidades portuguesas “muito sossegada”, “muito sensível”.
“Teve aqui uma interação connosco em que foi uma das noites mais agradáveis que passámos aqui no Cabo, em que não fez promessas, mas deixou a impressão de que nós com ele estávamos todos juntos”, contou.
Para Rui Santos, “é muito bom sentir isso à distância”, avançando que gostavam de ver “uma interação do Governo com as autoridades sul-africanas para promover várias coisas, nomeadamente o ensino [da língua portuguesa] e a experiência que Portugal tem no setor do mar e das pescas”.
“Nós temos muito para ensinar e também temos muito para vender, e, nesse sentido, olhando à posição geográfica onde nos encontramos é um desperdício”, considerou o técnico marítimo.
“O Governo envia cá realmente secretários de Estado, este é o terceiro, primeiro foi José Luís Carneiro, segundo foi Berta Nunes, e agora Paulo Cafôfo, mas na bagagem não trazem nada disto, e também quem pede não pede também para isto, mas julgo que seria uma área que Portugal poderia explorar”, frisou Rui Santos.
O dirigente associativo concluiu que “é uma porta aberta, a África do Sul tem muito mar, muita dimensão e tem muita gente ligada à pesca e que não está devidamente aproveitada”.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas visita a África do Sul entre hoje e sábado, na sua primeira visita oficial ao país para contactar a comunidade portuguesa.
A visita inicia-se na Cidade do Cabo, e antes de terminar em Pretória inclui deslocações a Durban, Joanesburgo e Benoni, lê-se numa nota enviada à agência Lusa.