"O secretário-geral saúda (…) o acordo alcançado entre a República Islâmica do Irão e o Reino da Arábia Saudita para retomar relações diplomáticas em dois meses e agradece à República Popular da China por sediar essas conversações recentes e por promover o diálogo entre os dois países", disse o gabinete de Guterres em comunicado.
O líder das Nações Unidas aproveitou também para elogiar os esforços de outros países neste processo, como Omã e Iraque.
"Boas relações de vizinhança entre o Irão e a Arábia Saudita são essenciais para a estabilidade da região do Golfo", defendeu.
António Guterres reiterou ainda a sua disposição "de usar os seus bons ofícios para promover o diálogo regional para garantir paz e segurança duradouras na região do Golfo".
Também a Casa Branca (Presidência norte-americana) saudou o anúncio do restabelecimento das relações diplomáticas entre Riade e Teerão, obtidas após negociações na China, mas mostrou-se reticente em relação ao cumprimento das obrigações por parte do Irão.
Para Washington, este acordo representa uma oportunidade para acabar com a guerra civil no Iémen, onde a Arábia Saudita e o Irão apoiam campos opostos.
"Gostaríamos que esta guerra no Iémen terminasse e este acordo poderia ajudar-nos a chegar a essa conclusão", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
A Arábia Saudita lidera a coligação de apoio ao Governo do Iémen, enquanto o Irão é suspeito de fornecer ajuda aos rebeldes xiitas Huthis.
O executivo norte-americano manifesta-se, no entanto, pouco otimista em relação ao conflito iemenita.
"Veremos. Resta realmente ver se o Irão cumprirá as suas obrigações decorrentes do acordo. Não é um regime acostumado a cumprir a sua palavra", acrescentou John Kirby.
O Irão e a Arábia Saudita anunciaram hoje que chegaram a um acordo para restabelecer as relações diplomáticas cortadas por Riade em 2016 após os ataques às suas sedes diplomáticas no país persa.
O acordo entre as duas potências do Médio Oriente foi assinado na China, onde as duas partes mantiveram negociações com o apoio de Pequim, segundo um comunicado conjunto dos três países.
"A República Islâmica do Irão e o Reino da Arábia Saudita decidiram retomar as relações diplomáticas e reabrir as suas embaixadas no prazo de dois meses", segundo a mesma nota.
Nos últimos anos, as tensões entre o Irão [xiita] e a Arábia Saudita [sunita] aumentaram de tom, tendo sido agravadas quando, em 2018, Washington se retirou unilateralmente do acordo internacional sobre o programa nuclear do regime de Teerão, que tinha sido assinado em 2015.
Desde essa altura, o Irão foi responsabilizado por uma série de ataques contra a Arábia Saudita, incluindo um que teve como alvo um dos centros fulcrais da indústria petrolífera saudita, em 2019, que reduziu temporariamente para metade a produção de petróleo daquele país.
Após o anúncio de hoje, vários países árabes expressaram satisfação com o acordo alcançado.
As primeiras reações partiram do Iraque e de Omã, que tinham feito a mediação entre a Arábia Saudita e o Irão, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano a "congratular-se com o acordo (…), segundo o qual se abre uma nova página nas relações diplomáticas entre os dois países".
Já Omã, outro mediador, expressou a sua "satisfação e esperança" de que o entendimento "contribua para reforçar a segurança e a estabilidade na região", segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
Outra reação de destaque veio do Egito, que não mantém relações diplomáticas com o Irão desde 1979, com a diplomacia egípcia a afirmar que "segue com interesse o anúncio do acordo saudita-iraniano e que espera que este ajude a reduzir a tensão na região".
Lusa