“Precisamos desesperadamente de uma paz justa e sustentável para a Ucrânia, para a Rússia e para o mundo”, disse Guterres no seu discurso de abertura na Conferência de Segurança de Munique, alegando que a invasão russa da Ucrânia é uma clara violação da Carta das Nações Unidas e não deve ter “lugar na Europa do século XXI”.
“Dois anos depois, o custo em vidas humanas e em sofrimento é atroz e o impacto na economia global tem sido particularmente devastador para os países em desenvolvimento”, disse o secretário-geral da ONU, defendendo a paz, “em linha com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, que estabelece a obrigação de respeitar a integridade territorial dos Estados soberanos”.
Durante o seu discurso, Guterres também sustentou que o mundo enfrenta mais uma vez a ameaça nuclear no meio de um planeta mais fragmentado do que na Guerra Fria e com alguns países “a fazerem o que querem”.
“A atual ordem global não funciona para todos. Na verdade, eu iria mais longe e diria: não funciona para ninguém”, admitiu Guterres, lembrando que na altura da Guerra Fria a ameaça de guerra nuclear era real e existencial, mas no mundo multipolar de hoje “ainda enfrentamos o perigo nuclear”.
Para Guterres, a multipolaridade criou oportunidades importantes para o equilíbrio e a justiça, e para uma nova liderança na cena mundial, mas a transição sem instituições globais fortes pode criar o caos.
“Hoje vemos países a fazer o que querem, sem prestar contas”, denunciou Guterres, que acusou ainda a comunidade internacional de ignorar os compromissos da Carta das Nações Unidas.
“Milhões de civis estão a pagar um preço terrível. Um número recorde foi forçado a fugir”, denunciou o secretário-geral da ONU, que também falou da guerra israelita em Gaza e disse que uma ofensiva militar seria devastadora para os deslocados de Gaza em Rafah.
Guterres lembrou ainda que a Nova Agenda para a Paz, que será discutida na Cimeira do Futuro, em setembro, visa reformar ou atualizar os sistemas de segurança coletiva “com base num multilateralismo mais interligado e inclusivo”.
Lusa