“Os desenvolvimentos recentes estão a colocar em jogo qualquer perspetiva de uma solução de dois Estados [Israel e Palestina]. A geografia da Cisjordânia ocupada está a ser constantemente alterada através de medidas administrativas e legais israelitas”, disse Guterres, num discurso que foi lido numa reunião do Conselho de Segurança da ONU pelo seu chefe de gabinete, Earle Courtenay Rattray.
Segundo o líder da ONU, as medidas israelitas “estão a minar” a Autoridade Palestiniana, paralisando a economia palestiniana e provocando instabilidade, recordando ainda que, este mês, o Gabinete de Segurança israelita aprovou “uma série de medidas punitivas” contra a liderança política palestiniana.
As medidas incluem a legalização – ao abrigo da lei israelita – de cinco postos avançados israelitas na Cisjordânia ocupada, o avanço de milhares de unidades habitacionais em colonatos e demolições em partes da Área B na Cisjordânia ocupada.
O alerta de Guterres foi feito no debate trimestral do Conselho de Segurança sobre a situação no Médio Oriente, com foco na questão palestiniana, que foi presidido por Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia – país que assume este mês a presidência rotativa deste órgão da ONU -, e que contou com a presença de dezenas de países, incluindo Portugal.
Ainda sobre a situação na Cisjordânia ocupada, Guterres alertou para os planos de Telavive de apreender “grandes parcelas de terra em áreas estratégicas” e para “as mudanças no planeamento, gestão de terras e governação”, que deverão acelerar “significativamente a expansão dos colonatos”.
Estas mudanças incluem a emissão de duas ordens militares no final de maio, que transferiram poderes e nomearam um deputado civil na Administração Civil de Israel, “o que é alarmante”, frisou o secretário-geral.
“Esta medida constitui mais um avanço significativo na transferência de autoridade em curso sobre muitos aspetos da vida quotidiana na Cisjordânia ocupada, e mais um passo no sentido da extensão da soberania israelita sobre este território ocupado”, observou.
“Se não forem abordadas, estas medidas correm o risco de causar danos irreparáveis”, vincou Guterres.
Lusa