"O grupo parlamentar do PSD Madeira requereu a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que visa questionar quais é que devem ser as responsabilidades da TAP e quais as competências da República", revelou o deputado, justificando a iniciativa devido aos sistemáticos cancelamentos, por razões operacionais, de voos da companhia aérea nacional para a região e à falta de apoio aos passageiros, crianças, adultos e idosos, deixados em terra.
O parlamentar lembrou que "atrasos e cancelamentos passaram a ser a regra e não a exceção de uma prática que prejudica todos os residentes na Madeira, no seu direito à mobilidade, mas, também, a sua principal alavanca económica, o turismo".
José Prada disse ainda ser "lamentável" que a TAP "prejudique a imagem do turismo da Madeira, favorecendo outros destinos internacionais em detrimento daqueles que são portugueses" e que a companhia esteja "nas tintas" para os "direitos constitucionais de quem aqui vive, numa região insular fortemente dependente das ligações aéreas, enchendo os bolsos à custa dos madeirenses sem, todavia, fazer jus ao que recebe pelo miserável serviço que presta".
"Como é que se pode aceitar que uma empresa, cujo principal acionista é o Estado português, não assegure o serviço mínimo público para as suas regiões", perguntou, lembrando que "entre 24 de março e 01 de julho foram cancelados 11 voos da TAP com destino à Madeira e ontem [segunda-feira] mais dois foram novamente cancelados".
O social-democrata criticou também a "falta" de resposta da tutela, que classificou ser "uma mão cheia de nada".
"Um primeiro-ministro que nada resolve, seja lá o que for, da Madeira; um madeirense [Bernardo Trindade] que, estando na administração desta empresa, simplesmente fica calado; um ministro das Infraestruturas que nada diz nem resolve; uma estranha falta de solidariedade nacional e um adiar consecutivo de ações", acrescentou.
Para o deputado, "a incompetência, incapacidade e irresponsabilidade com que a TAP tem gerido os seus voos de e para a região exigem uma solução efetiva, que passe da intenção à ação", defendendo que o Governo da República deveria ser o primeiro a exigir qualidade, responsabilidade e compromisso público à administração desta companhia".
"De nada nos serve contar com um Estado que se diz português, mas que apenas olha para os cidadãos que residem em Lisboa, prejudicando, diariamente, os que vivem no norte, no sul e nas ilhas", afirmou.
"Enquanto portugueses, merecemos bem melhor do que um serviço de migalhas, suportado numa governação miserável, sem critério e desumana".
O deputado do PCP Ricardo Lume criticou igualmente a postura da companhia aérea, dizendo ser "vergonhosa a posição da TAP relativamente aos madeirenses e porto-santenses", mas lembrou que seria pior se a companhia tivesse sido integralmente privatizada, salientando que o "mercado não resolve o problema" porque "os acionistas estão a salivar por lucros".
Lusa