O Funchal está geminado com 16 cidades de vários continentes, mas muitos dos acordos estão desativados e o município pretende apostar neste tipo de "diplomacia municipal" como vetor para a captação de investimento.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da autarquia, Paulo Cafôfo, salienta que este é um número idêntico aos acordos de geminação registado nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, sendo superado por Coimbra, que reúne 19 cidades-gémeas.
O autarca refere que a mais antiga geminação do Funchal é com Oakland, na Califórnia, nos Estados Unidos da América, cujo acordo foi celebrado em 1970.
O Funchal está também ligado a outras três cidades norte-americanas – Honolulu (1979) e Maui (1985), no Havai, e New Bedford (1984) – e tem também acordos com cidades africanas de Livingstone (Zâmbia) e Cape Town (África do Sul).
Da lista constam ainda as cidades australianas de Marrickville e Fremantle, além de Santos (Brasil), Hersliya (Israel), Leichlingen (Alemanha), Praia (Cabo Verde), St. Helier (Jersey), Gilbraltar e, em Portugal, Ílhavo e Angra do Heroísmo.
Paulo Cafôfo aponta que "há umas ligações mais ativas e ricas, outras menos", existindo também casos em que os acordos "estão paralisados e deixou de haver qualquer tipo de contacto, pois não foram assegurados".
Como exemplo deu o protocolo com Cape Town, assinado em 1987. Numa recente visita, constatou que "os autarcas não sabiam, nem tinham conhecimento" da situação.
Paulo Cafôfo destaca a importância destes acordos, argumentando que este tipo de protocolos não podem continuar a ser encarados "numa perspetiva de passado, quando se faziam geminações para os autarcas passearem".
"Entendemos que uma autarquia tem de ir além do que são as competências básicas", sustenta, defendendo ser "possível haver uma diplomacia municipal" e considerando que "a geminação é uma excelente forma de relação do município com o exterior".
O responsável sublinha que estes acordos devem passar a ser encarados numa "perspetiva económica, de captação de investimento", até porque "a questão económica é a charneira das geminações".
O autarca realça que tem procurado nestas cidades geminadas "contactar as comunidades locais, não só os madeirenses, mas também potenciais investidores daqueles países".
Para dar visibilidade a estes acordos, o executivo do Funchal decidiu expor, em duas paredes da sala da Assembleia Municipal, quadros com os documentos que foram assinados, o que, sublinha, constitui mais um elemento de atratividade nas visitas guiadas feitas no município.
Paulo Cafôfo destaca, além das razões afetivas com comunidades onde existem emigrantes, que alguns destes protocolos de ligação têm uma base histórica, como aconteceu com Gibraltar, cidade que reconhece o facto de o Funchal ter recebido os refugiados gibraltinos durante a II Guerra Mundial, mantendo-se "contactos anuais" com esta "irmã", porque "eles sentem o Funchal como sendo também a sua terra".
Outro acordo "muito ativo", indica, é o estabelecido com a Leichlingen (1996), que aconteceu quando os bombeiros desta cidade vieram ao Funchal "ajudar na sequência do temporal que ocorreu em 1993".
A cidade alemã criou mesmo um "círculo de amigos" que promove mesmo eventos culturais, nos quais "vestem os trajes típicos da Madeira, fazem bolo do caco, poncha, difundem e vendem o Vinho Madeira". O autarca já foi recebido no aeroporto "com uma bandeira do Funchal enorme".
O mais recente acordo foi celebrado com Angra do Heroísmo, em setembro deste ano.
No seu entender, o Funchal pode beneficiar da experiência que Angra tem na questão do património e reabilitação urbana, oferecendo em troca o seu conhecimento em matéria de desenvolvimento de cidade turística.
Paulo Cafôfo menciona que "há uma lista de outras cidades que mostraram a intenção de se geminar com o Funchal", caso do Rio de Janeiro, mas "o esforço, mais do que criar novas ligações, tem sido para reativar e manter aquelas que já foram efetivadas", o que já aconteceu com Fremantle (Austrália).
C/Lusa