Esta decisão de Ferro Rodrigues consta da súmula da última reunião da conferência de líderes, documento que é assinado pela secretária da mesa, a deputada socialista Maria da Luz Rosinha.
Na súmula, indica-se que o presidente da Assembleia da República “referiu que, efetivamente, alguns deputados já lhe tinham manifestado pretender fazer breves despedidas” do parlamento.
Nessa ocasião, Ferro Rodrigues esclareceu que “o mesmo sucedia consigo, visto que já não seria candidato nas próximas eleições”.
“Informou que, em princípio, no dia 26 de novembro, antes das votações, se poderia destinar algum tempo para essas intervenções dos deputados com mais tempo de funções na Assembleia da República”, acrescenta-se na súmula.
A possibilidade de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República desde a legislatura passada, não voltar a candidatar-se a deputado era dada como muito provável pela maioria dos dirigentes socialistas.
Ferro Rodrigues, secretário-geral do PS entre 2002 e 2004, ministro dos governos de António Guterres entre 1995 e 2001, foi eleito presidente da Assembleia da República em 23 de outubro de 2015, numa votação que sinalizou a inviabilidade parlamentar do executivo minoritário PSD/CDS saído das eleições legislativas desse ano.
Na primeira reunião plenária da XIII Legislatura, apoiado por PS, BE, PCP e PEV, Ferro Rodrigues foi eleito presidente da Assembleia da República, com 120 votos, enquanto o social-democrata Fernando Negrão, apoiado por PSD e CDS-PP, obteve 108 votos.
PSD e CDS-PP acusam o PS de romper uma tradição de eleger para este cargo o candidato do partido mais votado.
Ferro Rodrigues foi reeleito presidente da Assembleia da República em 25 de outubro de 2019, semanas depois de eleições legislativas que deram a vitória ao PS, embora sem maioria absoluta.
Na reeleição, em que foi candidato único ao segundo lugar da hierarquia do Estado, o clima político foi bem distinto do de 2015. Ferro Rodrigues teve 178 votos a favor, 44 brancos e oito nulos.
Após o anúncio dos resultados, foi aplaudido por deputados de todas as bancadas, enquanto a bancada do PS ovacionou-o de pé.