A Associação Fórum de Autonomia da Madeira (FAMA) publica hoje nos dois matutinos da Região uma convocatória anunciando a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária a 29 de outubro tendo como ponto único a dissolução e liquidação da mesma.
"Convocam-se todos os sócios no pleno gozo dos seus direitos para uma Assembleia Geral Extraordinária, a realizar no próximo dia 29 de outubro pelas 17:00 horas na sede da Associação, junto ao edifício do quartel de Bombeiros de São Vicente com a seguinte ordem de trabalhos: Ponto único – dissolução e liquidação da Associação de acordo com o capítulo V do artigo 39 e 40 dos Estatutos", refere a convocatória do movimento que tem como sócio número um e honorário o ex-presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim.
A convocatória informa ainda que "todos os sócios com as quotas de 2014 liquidadas" poderão participar na Assembleia ou que a venham pagar até à hora da realização da mesma.
A FAMA foi criada em agosto de 1997 com o objetivo de aprofundar e defender a autonomia da Madeira através de posições públicas relativamente à política nacional e suas repercussões na Região.
Aquando do referendo na Escócia, o presidente do FAMA, Gabriel Drumond, defendia, então, à agência Lusa que, "se a Madeira e os madeirenses entenderem que querem ser livres de Portugal, estão no seu direito. Ninguém pode, democraticamente, impedir-los de fazerem um referendo".
A FAMA, através do seu presidente honorário, chegou a propor ao Estado que referendasse a autonomia; que a Madeira tinha assinado o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF) "sob coação" por se encontrar "em estado de necessidade".
Em comunicados, a FAMA, em 2012, lamentou as "afirmações infelizes" da chanceler alemã Angela Merkel sobre a Madeira que numa palestra a jovens considerou que a Região não tinha sabido aproveitar os fundos estruturais para reforçar a competitividade da sua economia.
A Associação chegou a acusar, a propósito do PAEF, o Governo de Pedro Passos Coelho de tratar a Região "como de um país estrangeiro se tratasse e inimigo da pátria comum".
Em 2009, a FAMA acusou o então secretário-geral do PS, José Sócrates, "de cobardia" por "ter evitado deslocar-se à Região para apresentar a sua moção ao Congresso nacional dos socialistas" e, em 2007, criticou, a "falta de coragem política" do Presidente da República [Cavaco Silva] para vetar a Lei das Finanças Regionais.
Em 2005, a FAMA exortou o Presidente da República [Jorge Sampaio] a fazer com que todos os organismos e instituições de Estado sedeados nesta Região cumprissem a lei e mantivessem hasteada a bandeira da Madeira nas suas fachadas e, em 2003, defendeu a entrega imediata do Palácio de São Lourenço [residência oficial do Representante da República] à Região.
Também sobre a revisão da Lei das Finanças Regionais, em 2012, a FAMA acusou Jorge Sampaio de discriminar os madeirenses, considerando-o um Presidente da República que "não sabe distinguir a sua função de mais alto magistrado da nação da de militante socialista que é".
Apesar das insistências, a agência Lusa não conseguiu falar com o presidente do FAMA, Gabriel Drumond, nem com o sócio honorário, Alberto João Jardim, cujo assessor remeteu para "mais tarde" um eventual comentário.