"A Presidência da República foi concebida toda ela num prolongamento do que eram as prédicas dominicais" na televisão de Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu o madeirense Edgar Silva à agência Lusa, fazendo um balanço aos quatro anos da eleição do atual Chefe de Estado, a 24 de janeiro de 2016.
No seu entender, o Presidente da República apostou na mediatização, algo que tem conseguido gerir "sempre com meticuloso cuidado", em "modo de campanha".
Após ser eleito, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou de ter a sua presença semanal na televisão, mas tem conseguido "usar todos os meios ao seu dispor" para desenvolver uma "estratégia de autopromoção, num outro registo, outro prolongamento ainda mais forte do que o que tinha tido no tempo da campanha eleitoral", argumentou Edgar Silva.
"Continua em modo de campanha, a fazer a sua campanha em todas as formas de intervenção comunicacional, que visa afirmá-lo do ponto de vista pessoal" e "promover condições favoráveis à sua aclamação", apontou.
Edgar Silva vincou que quando tiver início o processo da candidatura para a Presidência da República "vão surgir candidatos" e o atual Presidente "dificilmente não estará a pensar numa recandidatura".
"Mas, podem surgir outros fatores de força maior, essa é uma decisão pessoal", ressalvou.
Edgar Silva faz "um balanço positivo" à política de proximidade implementada pelo PR e "à sua postura de diálogo e ao esforço por promover o diálogo institucional"
Contudo, sustenta ser "particularmente negativa" a avaliação ao "exercício de competências atribuídas pela Constituição da Republica em matéria de competências nas relações internacionais".
"Sobretudo a esse nível, a leitura que faço é bastante mais negativa, bastante mais desfavorável, porque uma das competências, segundo o artigo 135.º da Constituição, é que compete ao PR nas relações internacionais fazer a paz", apontou.
Edgar Silva considerou que nesta matéria Marcelo Rebelo de Sousa revelou uma "subserviência continuada aos ditames da NATO e dos Estados Unidos da América, com um conjunto de compromissos a que esteve e está diretamente associado, que não dão cumprimento a essa incumbência de fazer a paz".
Na opinião deste ex-candidato, "particularmente em relação à lógica da guerra, às situações de conivência com formas de agressão ao direito internacional e até em práticas que contrariam a esse nível que a Constituição determina", este mandato do Presidente da República foi "menos positivo".
As últimas presidências aconteceram a 24 de janeiro de 2016, tendo estado na corrida a Belém 10 candidatos, entre os quais o coordenador regional do PCP/Madeira Edgar Silva que foi o comunista madeirense que foi o quinto mais votado, obtendo 183.009 votos (3,95%).
Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito com 52% dos votos (2,4 milhões de voto), Sampaio da Nóvoa (22,88%), Marisa Matias (10,12%), Maria DE Belém (4,24%).
C/LUSA