Num debate de nível ministerial do Conselho de Segurança da ONU, com foco na questão da Palestina, Guterres apresentou detalhes sobre a destruição na Faixa de Gaza, onde mais de 25 mil pessoas, principalmente mulheres e crianças, terão sido mortas em operações lançadas pelas forças israelitas e mais de 60 mil pessoas ficaram feridas.
“Toda a população de Gaza está a sofrer uma destruição a uma escala e velocidade sem paralelo na história recente. Nada pode justificar a punição coletiva do povo palestiniano”, defendeu, sublinhando que a situação humanitária em Gaza “é terrível”.
O líder da ONU recordou que, com o inverno no horizonte, 2,3 milhões de palestinianos em Gaza enfrentam “condições desumanas e miseráveis”, lutando para “simplesmente sobreviver mais um dia” sem abrigo adequado, aquecimento, instalações sanitárias, alimentos e água potável.
“Todos em Gaza passam fome – com um quarto da população de Gaza, ou seja, mais de meio milhão de pessoas – a braços com níveis catastróficos de insegurança alimentar”, disse.
A par da fome, estão a espalhar-se doenças à medida que o sistema de saúde colapsa, com apenas 16 dos 36 hospitais de Gaza parcialmente funcionais.
“Isso significa que o povo de Gaza não só corre o risco de ser morto ou ferido por bombardeamentos implacáveis, eles também correm um risco crescente de contrair doenças infecciosas como hepatite A, disenteria e cólera”, frisou o líder da ONU.
António Guterres aproveitou para recordar os 153 trabalhadores da ONU que foram mortos em Gaza, “uma fonte de sofrimento sem fundo” para as Nações Unidas.
Ainda de acordo com o secretário-geral, a maioria das missões humanitárias destinadas ao norte de Gaza teve acesso negado por Israel, e dezenas de trabalhadores humanitários esperam há meses para receber vistos de trabalho por parte do Governo israelita.
“Apelo a um acesso humanitário rápido, seguro, sem entraves, alargado e sustentado em toda Gaza. Repito o meu apelo ao fim de todas as violações do Direito Internacional Humanitário”, disse.
Guterres exigiu ainda, mais uma vez, a libertação imediata e incondicional de todas as pessoas feitas reféns pelo Hamas, e apelou a que sejam tratadas com humanidade e autorizadas a receber visitas e assistência da Cruz Vermelha enquanto não forem libertadas.
Lusa