“A saúde não tem cor política”, declarou a deputada social-democrata Conceição Pereira no plenário da Assembleia Legislativa numa intervenção no período de antes da ordem do dia.
A também médica salientou que “a pandemia está aí e continua a agravar-se”, defendendo ser “indispensável fazer investimento na saúde” e “continuar a trabalhar porque a economia não pode voltar a parar”.
Por isso, criticou que “o Governo socialista da República não tenha dado um simples aval à Madeira” para fazer face aos problemas provocados pela pandemia na região.
“Não nos venham com arrogância, o Governo da República devia era ter vergonha pela falta de solidariedade”, disse a parlamentar.
Conceição Pereira realçou que, “se nada for feito, as pessoas podem ter de passar o Natal confinado” e apontou que, a nível nacional e europeu, “a situação está descontrolada” porque foram permitidos vários ajuntamentos, enquanto na região têm sido canceladas este tipo de ações, entre as quais tradições como as natalícias, nomeadamente a Noite do Mercado na qual é costume participarem milhares de pessoas.
A deputada destacou as “medidas atempadas na prevenção da pandemia,” adotadas pelo Governo Regional da Madeira, “não negligenciando a situação da pandemia como fez o Governo da República”, optando por pôr em prática “uma estratégia de sucesso”.
A deputada mencionou medidas implementadas na região como o encerramento dos portos e aeroportos, o uso da máscara, “que veio a mostrar-se importante”, mas foi criticada tanto pela “oposição como pela Direção-Geral da Saúde” e que agora defende a sua utilização.
A parlamentar social-democrata destacou que a Madeira é a única região sem óbitos devido à Covid-19 e que o contágio conhecido de um médico “não aconteceu em contexto profissional”, havendo agora uma situação numa escola do Funchal devido a contacto com um familiar.
Conceição Pereira sustentou que “a política não pode ser colocada acima da saúde”, vincando que “os testes de despistes têm de ser feitos antes do desembarque”, pelo que “deve haver uma outra estratégia da União Europeia” nesta matéria.
Também realçou que “o Governo da República foi alertado para preparar” a situação para o outono/inverno e a época da gripe e “nada fez”, salientando que o Executivo da Madeira apresentou o Plano da Saúde para o Outono – Inverno 2020/2021 em 16 de outubro.
“O Governo da República falhou e continuamos acima dos 2.000 casos diários”, mencionou, contrapondo que o executivo madeirense “continua focado na salvaguarda” da saúde dos madeirenses.
Nos vários pedidos de esclarecimentos, diversos deputados dos partidos da oposição, nomeadamente Victor Freitas e Miguel Iglésias (PS), argumentaram que a pandemia provocou “uma paragem a fundo na saúde e que estabelecer paralelos entre a situação nacional e regional da Covid-19 é “comparar o incomparável”.
Também Ricardo Lume (PCP) vincou que se regista um aumento nas listas para cirurgias, consultas e exames, “problemas que já existiam antes” da pandemia.
Os últimos dados divulgados na segunda-feira indicam que a Madeira registava 14 casos de Covid-19, todos importados, nove recuperados e 17 situações suspeitas, indicando o Instituto de Administração da Saúde (IASAÚDE), que o total de infeções ativas no arquipélago é de 106.
Quanto à escola onde um aluno teve teste positivo para a Covid-19, que tem 750 alunos, foi ativado o plano de contingência, tem duas turmas em isolamento no domicílio e estão a ser avaliados 31 contactos do estudante, dos quais 12 já foram testados e tiveram resultado negativo.