Na mesma nota, refere-se que o projeto de decreto presidencial de estado emergência tem fundamento "na verificação de uma situação de calamidade pública e na necessidade de se adotarem medidas de contenção da propagação da pandemia de covid-19".
"Reunida em sessão plenária, a Assembleia da República procederá amanhã [sexta-feira], 6 de novembro, pelas 16:00, ao debate do pedido de autorização de declaração do estado de emergência, com intervenções do Governo, dos grupos parlamentares, dos deputados únicos representantes de partido e das deputadas não inscritas", acrescenta-se.
Na quarta-feira, na sequência de uma reunião da conferência de líderes, a Assembleia da República decidiu, "por consenso geral", realizar um plenário para debate e votação de uma eventual declaração do estado de emergência, fazendo então depender a data e hora dessa reunião plenária do momento em que chegasse ao parlamento o projeto de decreto presidencial.
De acordo com a porta-voz da conferência de líderes, a socialista Maria da Luz Rosinha, o agendamento do plenário para debater o novo estado de emergência seria feito "de imediato" pelo presidente da Assembleia da República logo que fosse recebida a proposta de decreto por parte do chefe de Estado.
Por outro lado, porém, Ferro Rodrigues também salientou que os deputados deveriam ter um espaço de 24 horas para apreciarem o diploma antes do início do debate em plenário.
Na passada segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, pediu ao Presidente da República a declaração do estado de emergência, de forma "preventiva", para fazer face aos efeitos da pandemia de covid-19 e eliminar dúvidas jurídicas sobre a ação do Governo.
A Constituição estabelece que a declaração do estado de emergência no todo ou em parte do território nacional é uma competência do Presidente da República, mas depende de audição do Governo e de autorização do parlamento.
No projeto de decreto, Marcelo Rebelo de Sousa propõe à Assembleia da República um "estado de emergência de âmbito limitado", para que o Governo possa "impor restrições à circulação em certos locais em períodos determinados, em particular nos municípios de maior risco" e "a utilização, se necessário e preferencialmente por acordo, de meios de saúde dos setores privado, social e cooperativo, com a devida compensação".
São também permitidas "a mobilização de trabalhadores, bem como das Forças Armadas e de segurança, para o reforço das autoridades de saúde nos inquéritos epidemiológicos e de rastreio; e a possibilidade de medição de temperatura corporal, por meios não invasivos, e de imposição de testes no acesso a certos serviços e equipamentos".
O estado de emergência já vigorou em Portugal durante esta pandemia, entre 19 de março e 02 de maio, com duas renovações, por um total de 45 dias.
Na exposição de motivos do diploma que seguiu para o parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa defende que "a evolução da pandemia de covid-19, assim como as lições dela retiradas, justificam garantias reforçadas da segurança jurídica de medidas adotadas ou a adotar pelas autoridades competentes para a correspondente prevenção e resposta em domínios como os da convocação de recursos humanos para rastreio, do controlo do estado de saúde das pessoas, da liberdade de deslocação e da utilização de meios do setor privado e social ou cooperativo".
"Essa garantia reforçada exige a declaração de um Estado de Emergência de âmbito muito limitado e de efeitos largamente preventivos", defende.