No debate de política geral com o primeiro-ministro que decorre hoje na Assembleia da República, o deputado da Iniciativa Liberal (IL) Carlos Guimarães Pinto acusou António Costa de ter uma “incapacidade” para assumir responsabilidades.
Numa alusão ao executivo britânico liderado pela ex-primeira-ministra Liz Truss e às críticas que Costa tem efeito à IL sobre o assunto, Carlos Guimarães Pinto acusou o chefe o executivo de não hesitar “em atribuir à IL responsabilidades pelo que o Governo de um outro país, de outra família política”, faz, enquanto “nunca assumiu responsabilidades pelo que o seu Governo, ou governos do seu partido, fizeram ao país”.
“Quando o país cresce, a responsabilidade é do Governo, quando não cresce é da conjuntura internacional. Até para os erros de nomeação que faz no seu Governo quer agora partilhar as culpas com o Presidente, com o parlamento, com quem quer que seja, que o possa desresponsabilizar”, acusou.
Na resposta, o primeiro-ministro salientou que a IL demorou “meses a digerir” as críticas que António Costa lhes tinha endereçado noutro debate no parlamento – em que tinha associado as políticas implementadas por Liz Truss às do partido de Carlos Guimarães Pinto – e considerou que essa crítica “incomodou" os liberais.
“Sabe porque é que vos incomoda? Por uma razão fundamental: é que uma coisa é haver problemas na vida interna de um Governo, ninguém gosta, eu lamento profundamente, lamento perante os portugueses, os portugueses não gostam, censuram o Governo por isso, e o Governo deve tomar a lição. Mas é um problema interno à vida do Governo, nenhum destes problemas se traduziu num problema para qualquer portuguesa ou para qualquer português”, referiu.
Por oposição, Costa defendeu que o aconteceu com o Governo de Liz Truss foi que "a cartilha liberal foi aplicada com uma tal transparência e determinação”, que demonstrou quais são os resultados concretos desse tipo de políticas.
O primeiro-ministro referiu que o “primeiro resultado prático” da política de Liz Truss foi a “brutal subida da taxa de juros” e o “Banco de Inglaterra ter sido obrigado a resgatar não a TAP, mas três fundos privados de pensões que estavam à beira da falência, fruto da forma como irresponsavelmente foi aplicada a cartilha liberal”.
“Portanto, senhor deputado, o que verdadeiramente conta para os portugueses que estão lá em casa não é saber se o secretário de Estado é A ou é B, o que lhes interessa mesmo é saber a estabilidade da sua vida”, referiu.
Para António Costa, aquilo que os portugueses “ficaram a saber com o exemplo da senhora Truss” é que, se algum dia tivessem “a desdita de a IL formar Governo ou ser sequer parte de Governo com o PSD”, isso levaria à “brutal destruição” das finanças públicas portugueses e “à intervenção massiva para resgatar todos aqueles que seriam afetados pela subida dramática da taxa de juro”.
Lusa