Estas posições foram transmitidas por António Costa em conferência de imprensa no final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros, depois de questionado se o Governo está a afastar-se do caminho aconselhado pelo Banco de Portugal e pelo Banco Central Europeu (BCE) em matéria de controlo da inflação ao proceder a aumentos intercalares de pensões e de salários da administração pública.
“O Governo prossegue o caminho que definiu e a nossa política económica, desde 2016, baseia-se na prioridade ao emprego. Temos demonstrado que o crescimento do emprego resulta do crescimento da economia – e esta resulta da melhoria do rendimento das famílias”, começou por responder.
António Costa defendeu a seguir que o seu executivo tem assumido uma política macroeconómica “prudente, nunca dando um passo maior do que a perna, mas garantindo sempre que há uma trajetória efetiva de melhoria dos rendimentos”.
“Não é asfixiando o rendimento das famílias que nós combatemos a inflação. Por várias vezes dissemos que seriamos prudentes na política de rendimentos para não alimentar uma espiral inflacionistas”, disse.
O primeiro-ministro salientou depois que o seu Governo “não ignora as causas da inflação”.
Perante os jornalistas, defendeu então a tese de que a atual crise de inflação resulte de uma excessiva liquidez por parte das famílias, ou de um excesso de aumento da procura, mas sim da crise da pandemia da covid-19 com a rutura nas cadeias de abastecimento e que foi agravada com a guerra na Ucrânia, “que impactou em produtos como a energias, fertilizantes ou cereais”.
“Como já referiu hoje o ministro das Finanças [Fernando Medina], o que se prevê é que haja uma desaceleração mais significativa da inflação ao longo dos próximos meses, a começar desde já a partir do próximo mês. Naturalmente, este aumento intercalar das pensões visa assegurar que os pensionistas tenham um reforço do seu rendimento e deixem de ter qualquer dúvida de que a atualização anual da sua pensão em 2024 será feita com base na sua pensão que estiver em pagamento em dezembro deste ano”, acrescentou.
Lusa