António Costa deixou estes avisos de caráter ideológico na segunda ronda do debate sobre política geral., na Assembleia da República, depois de ter escutado uma intervenção crítica referente à tese do "Estado mínimo" por parte do deputado e presidente da concelhia do PS/Porto, Tiago Barbosa Ribeiro.
Na sua resposta, o líder do executivo começou por deixar uma farpa indireta para os partidos à esquerda do PS, afirmando que "alguns tiveram a ilusão de que o Governo responderia a esta crise com austeridade".
"Aí teriam a oportunidade de dizer que cá está o PS a fazer a política da direita. Enganaram-se e vão continuar a enganar-se, porque já demonstrámos a partir de 2015 que a recuperação económica não se faz com austeridade, mas combatendo a austeridade. Isso é fundamental para a confiança dos agentes económicos, para sustentar o rendimento das famílias e para apoiar o emprego", defendeu o líder do executivo.
Depois, dirigiu-se sobretudo ao deputado único e presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, e declarou: "2020 é o ano que ficará para História pela covid-19, mas também como o ano da derrota histórica do pensamento liberal face à defesa do Estado social".
"Foi o ano em que o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e a Segurança Social responderam às necessidades efetivas das famílias e das empresas", disse, recebendo muitas palmas da bancada socialista.
De acordo com António Costa, o ano passado, com a crise pandémica, "não foi de aumento de impostos, de corte das pensões ou das prestações sociais".
"Foi o ano em que aumentou 12% a despesa com a Segurança Social. Se me perguntam se o país está bem, respondo que não, porque estamos a enfrentar uma dramática crise económica e social. Mas ninguém tem dúvidas que, se tivéssemos seguido a política da direita, então a situação seria muitíssimo pior", declarou.
Antes, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro defendera também a tese de que um "Estado mínimo" teria sido incapaz de enfrentar a crise provocada pela pandemia da covid-19 e sustentou que, desde o final de 2015, os governos do PS recusaram a via da austeridade, mostrando que "havia alternativa".
"A governação do PS tem sido essencial para a viragem da política europeia ao mostrar que não é precisa a austeridade para se atingir bons resultados. Portugal recuperou a respeitabilidade europeia durante os anos que estava reduzido ao princípio da obediência ao mais forte", advogou ainda o presidente da concelhia do PS/Porto e coordenador da bancada socialista para as questões do trabalho.