“Pela primeira vez, desde novembro de 1987, ano em que a CGTP-IN assumiu os seus lugares na Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS), os sindicalistas socialistas da CGTP-IN não participaram na reunião, que hoje se realizou, deste órgão tripartido, de diálogo social”, salientou a corrente socialista da CGTP, em comunicado enviado à comunicação social.
Aqueles sindicalistas defenderam que a organização “não reflete o pensamento de todas as suas componentes político-ideológicas que existem e interagem” e “deixa de fora o pensamento dos trabalhadores socialistas, independentes e de outras correntes de opinião político-ideológicas”, uma vez que a Comissão Executiva eleita no XV Congresso, em 23 e 24 de fevereiro, está “amputada de uma ampla representação do mundo do trabalho”.
Os sindicalistas socialistas apontam que a Comissão Executiva não inclui na sua composição sindicalistas de todas as correntes de opinião político-ideológicas “das esquerdas que existem, coexistem e intervêm nos locais de trabalho, em particular, os sindicalistas socialistas”, que participavam ativamente na Comissão Executiva da CGTP desde o Congresso de Todos os Sindicatos, realizado em janeiro de 1977.
No congresso da intersindical realizado em 23 e 24 de fevereiro, no Seixal, foi eleito o novo Conselho Nacional da CGTP (com 147 elementos) que elegeu, por sua vez, o novo secretário-geral, Tiago Oliveira, e também a Comissão Executiva, composta por 29 elementos, mas os cinco sindicalistas socialistas recusaram integrar este órgão cuja corrente maioritária é a do PCP, deixando os lugares vagos.
Em comunicado enviado em 06 de março, a corrente socialista lembrava que na CGTP-IN “coabitam dialeticamente, nos órgãos sindicais, sindicalistas das correntes de opinião político-ideológicas do PCP, PS, BASE-FUT, BE, católicos progressistas e independentes, apesar de a corrente de opinião político-ideológica do BE nunca ter participado na Comissão Executiva”.
“No entanto, assistimos nos últimos anos a uma tentativa de diminuir a influência das correntes de opinião político-ideológicas minoritárias”, apontavam os sindicalistas socialistas.
No comunicado, a corrente socialista afirmava ter, no entanto, “total disponibilidade” para resolver a situação para que a CGTP-IN “saia deste processo mais coesa e forte, para combater os projetos reacionários da direita e extrema-direita, corporizados por PSD, IL e Chega”.
Em entrevista à Lusa, em março, o novo líder da CGTP, Tiago Oliveira, disse, que a questão em causa deveria ser ultrapassada em breve, recusando a ideia de que há ruturas entre os dirigentes da central.
“Houve um conjunto de camaradas que tomou essa decisão [de não integrar a Comissão Executiva] e aquilo que foi dito e que está a ser trabalhado é para que tudo volte a estabilizar, a normalizar, e acredito que o mais brevemente possível isso vai ser conseguido”, afirmou Tiago Oliveira.