"A China expressa forte insatisfação e protesta contra o uso da força por parte dos EUA", sublinhou, em comunicado, o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que "se reserva o direito" de retaliar.
O Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano) insiste que se tratava de um balão usado para espionagem.
O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, sublinhou que o aparelho foi usado "pela República Popular da China para tentar espiar lugares estratégicos" nos EUA e falou numa "violação inaceitável" da "soberania" americana.
Pequim, por outro lado, reforçou a narrativa de que o aparelho era "um dispositivo civil usado para fins meteorológicos", que acabou por sobrevoar o território norte-americano "por causas de força maior", de forma "completamente acidental."
O balão foi abatido este sábado por um míssil lançado de um caça F-22 da Força Aérea dos EUA ao largo da costa da Carolina do Sul, no espaço aéreo americano.
Encontrava-se a cerca de 18 quilómetros de altitude e a uma distância 11 quilómetros da costa, de acordo com responsáveis do Pentágono.
O presidente dos EUA, Joe Biden, congratulou os pilotos pelo "sucesso" da operação.
Disse que ordenou o abate – "assim que possível" – na quarta-feira, mas que o Pentágono queria encontrar "o lugar mais adequado possível para a operação", de forma a evitar efeitos indesejados da queda de destroços, por exemplo, sobre a população.
"Dei ordem para o abate. Na quarta-feira disseram-me: vamos esperar pelo lugar mais seguro para fazê-lo."
Os congressistas republicanos criticaram a resposta de Joe Biden, que esperavam ser mais célere.
Numa mensagem publicada na rede social Twitter, a republicana Marjorie Taylor Greene disse que "o presidente [Donald] Trump nunca teria tolerado isto."
Já o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, congratulou Biden pela operação. O balão também sobrevoou espaço aéreo do Canadá.
De acordo com o Departamento de Defesa norte-americano, o balão entrou primeiro no espaço aéreo dos EUA, a 28 de janeiro, sobre o Alasca, antes de entrar no Canadá, a 30 de janeiro, e depois reentrar no espaço aéreo americano na zona do estado de Idaho, no noroeste dos EUA, a 31 de janeiro.
O que é que este episódio significa para as relações sino-americanas?
O caso abriu uma nova crise diplomática, que abala ainda mais o permanente estado de tensão entre Washington e Pequim.
A primeira consequência, para já pelo menos, foi o adiamento da viagem do secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, a Pequim para um encontro com o presidente chinês Xi Jingping.
Seria a primeira visita de um secretário de Estado americano desde outubro de 2018 e serviria para acertar agulhas sobre questões delicadas como Taiwan, direitos humanos, Coreia do Norte, a guerra na Ucrânia, política comercial ou alterações climáticas.
Pensada para desanuviar as tensões e originalmente marcada para domingo e segunda-feira, foi adiada.
Será remarcada quando houver "condições certas" e a atmosfera estiver menos pesada.