Em declarações à agência Lusa, no âmbito de uma visita às ilhas das Flores e Corvo, nos Açores, Ventura avançou que o Chega pretende “clarificar” a sua posição relativamente à imigração.
“Vamos propor no parlamento, provavelmente ainda esta semana, uma lei de integração da imigração, que, por um lado, favoreça o acolhimento de imigrantes que vêm para trabalhar e para se integrar, para que se tornem mais rapidamente parte da comunidade”, revelou.
“Por outro lado”, prosseguiu, o projto visa “proibir” e “aumentar a fiscalização” dos imigrantes que não tenham “qualquer capacidade de integração”.
"[Queremos] proibir, também, a entrada daqueles que vêm ou com objetivo de recolher subsídios ou de transformar ou submeter-nos culturalmente como é o caso de algum fundamentalismo islâmico”, acrescentou.
Questionado sobre os critérios previstos na proposta, o líder nacional do Chega disse tratar-se de uma “ferramenta alargada” e “complexa juridicamente”, que vai obrigar os interessados a apresentar “objetivos definidos” para entrarem no país.
“Vamos criar condições para que quem venha apresente o seu contrato de trabalho ou de promessa de trabalho e responda a um quadro de necessidades identificado previamente pelo país em termos de mão-de-obra”, assinalou.
O líder do Chega disse que a proposta será “feita já, antes de encerrar definitivamente o ano parlamentar”.
A intenção do Chega de “clarificar” a respetiva posição sobre os imigrantes surge após o episódio de quinta-feira na Assembleia da República, quando os deputados do partido abandonaram o hemiciclo a meio de uma intervenção de Augusto Santos Silva, quando o presidente da Assembleia respondia diretamente às críticas de André Ventura, que o acusou de não ser isento e representar o PS nas suas funções.
No debate de uma proposta do Governo que altera o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, Ventura acusou o executivo de querer que os imigrantes “venham de qualquer maneira” para o país e afirmou: “Só há uns que nunca têm prioridade no discurso do Governo, os portugueses que trabalharam toda a vida, que pagam impostos e estão a sustentar o país”.
A intervenção do líder do Chega gerou muitos protestos por parte de vários deputados e levou à intervenção do presidente do parlamento.