"O primeiro-ministro recusou sistematicamente responder às questões que implicavam diretamente este Governo na questão do acolhimento dos refugiados ucranianos em Portugal. Desde o início que António Costa procurou escudar-se no Presidente da República, nesta Assembleia da República, nos serviços secretos, na Câmara Municipal ou em qualquer outra entidade para fugir ao óbvio, a responsabilidade do Governo nesta matéria", acusou o presidente do Chega, referindo-se ao caso de Setúbal.
No arranque do debate urgência requerido pelo Chega sobre “a garantia dos direitos e liberdades no acolhimento e integração dos refugiados ucranianos”, na Assembleia da República, André Ventura criticou a ausência do primeiro-ministro, uma vez que o Governo se fez representar pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e a secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Isabel Rodrigues.
Apontando que "há mais de dez anos que as associações ucranianas denunciavam que em Portugal estes refugiados estariam a ser acolhidos por pró-russos e há uns anos atrás que estas associações eram maquilhagem de propaganda russa em Portugal", o líder do Chega criticou que "muitas destas associações diretamente ligadas ao regime russo têm financiamento direto do Estado português".
André Ventura defendeu que é António Costa que "deve dar explicações", questionando "o que sabia sobre esta atividade russa em Portugal" e "sobre a presença destas associações financiadas com o dinheiro público em Portugal", bem como "o que sabia o Governo sobre estas associações e sobre a sua atividade".
"Só há aqui uma dúvida, é a dúvida de até que ponto o primeiro-ministro António Costa está envolvido e sabia do que se passava com estas associações em Portugal", salientou.
No final da sua intervenção, o presidente do Chega referiu também o debate seguinte, sobre a proposta do Chega de constituição de uma comissão de inquérito e reiterou que, se for rejeitada, o partido vai tentar recolher as assinaturas necessárias para requerer que ela aconteça potestativamente.
Para usar este direito, é necessário um quinto dos deputados, ou seja, 46, e a bancada do Chega tem 12, pelo que necessitará de ser acompanhado por outros partidos.