“Precisamos das Nações Unidas (ONU) e neste momento crucial quero enviar uma mensagem de apoio às Nações Unidas e ao seu secretário-geral”, disse o chefe da diplomacia europeia no encerramento da conferência de investimentos internacionais Fórum Global Gateway, em Bruxelas.
Esta manifestação de apoio surge depois de Israel ter criticado duramente Guterres e pedido a sua demissão, por ter dito, na terça-feira no Conselho de Segurança da ONU, que os ataques lançados em 07 de outubro pelo movimento islamita palestiniano Hamas no território israelita “não surgiram do nada”, numa referência a décadas de ocupação israelita da Palestina.
Além do pedido de demissão, o Governo israelita disse que iria reavaliar as relações com a ONU. Posteriormente, as autoridades israelitas indicaram que não iam conceder vistos aos representantes da ONU, a começar pelo subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, recusou reunir-se com Guterres e sustentou que Israel não só tem “o direito de se defender”, mas também um dever, uma vez que sente que está a travar uma guerra em nome do “mundo livre".
O secretário-geral das Nações Unidas manifestou-se posteriormente "chocado com as interpretações erradas" das declarações que proferiu na terça-feira e negou ter justificado os atos de terror do Hamas.
"Isto é falso. Foi o oposto", garantiu, na quarta-feira, o ex-primeiro-ministro português, numa declaração à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.
"No início da minha intervenção de ontem [terça-feira], afirmei claramente – e passo a citar: ‘Condenei inequivocamente os horríveis e sem precedentes atos de terror de 07 de outubro cometidos pelo Hamas em Israel. Nada pode justificar o assassinato, o ataque e o rapto deliberados de civis – ou o lançamento de foguetes contra alvos civis’", disse, repetindo parte do discurso que fez anteriormente no Conselho de Segurança.
Guterres admitiu que falou das queixas do povo palestiniano, mas salientou que ao fazê-lo, também afirmou: "’Mas as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas’".
Na mesma declaração à imprensa, e sem responder a perguntas, o secretário-geral da ONU disse acreditar ser necessário esclarecer a situação, "especialmente por respeito às vítimas e às suas famílias".
O grupo islamita palestiniano Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela UE e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo no enclave. Também impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
Lusa