"Acho que é possível e já falamos sobre isso", referiu Rui Barreto numa entrevista à agência Lusa a propósito dos primeiros 100 dias do executivo (assinalados na próxima quarta-feira), sublinhando que ainda "não há nada escrito e não há nada decidido" nesta matéria e que ainda é cedo.
Ainda assim, disse, "a solução encontrada para o governo pode também ser transponível para as eleições autárquicas".
Rui Barreto ressalvou que o acordo celebrado entre o PSD e o CDS na Madeira na sequência das eleições de setembro passado — em que os sociais-democratas perderam pela primeira vez a maioria absoluta – foi apenas para a governação.
Por isso, cada uma das forças partidárias deve primeiro ouvir "os dirigentes locais, os autarcas e perceber o que eles acham sobre a matéria" de estender este projeto às próximas eleições autárquicas, que se realizam em 2021.
Para o atual secretário regional da Economia, "as pessoas também não entenderiam que, estando dois partidos num governo, depois andassem desavindos a disputar eleições em concelhos, principalmente onde estão na oposição".
Na região, há quatro municípios liderados pelo PSD (Câmara de Lobos, Calheta, Ribeira Brava e Porto Santo) e um pelo CDS (Santana).
"Mas, onde estamos os dois partidos na oposição não faz sentido que não se entendam para uma solução autárquica, porque (as pessoas) não vão entender (que estejam a) governar a região e a digladiar-se nas eleições para os concelhos", insistiu.
Na opinião de Rui Barreto, este projeto tem de ser delineado respeitando critérios claros e a expressão que os partidos tiveram nas últimas eleições autárquicas.
Falando sobre o Orçamento Regional para 2020, na ordem dos 1.700 milhões de euros e que hoje começa a ser debatido no parlamento do arquipélago, o dirigente realçou que o documento plasma uma "boa distribuição pelas várias áreas da governação, atendendo a critérios de coesão economia, social e territorial e isso é positivo".
"Não é possível agradar e chegar a todos", reconheceu, mencionando que as pessoas "nunca estão satisfeitas e querem sempre mais", mas é impossível "fazer um bolo maior do que a forma".
O orçamento, referiu, "aproveita o bom desempenho económico e a arrecadação das recitas para desenvolver um conjunto de políticas sociais, nomeadamente discriminação fiscal", estabelecendo o Imposto sobre o Rendimento Coletivo (IRC)em 12%, "a taxa mais baixa do país, para ajudar as empresas".
O líder do CDS/Madeira destacou ainda o reforço de 18 milhões nas verbas para a saúde, além do acréscimo de cinco milhões de euros para investir no programa de recuperação de cirurgias, "uma exigência" que o partido tem feito, tal como "um alargamento da rede de cuidados continuados, em que a Madeira foi pioneira e precisa de chegar a mais pessoas".
Uma visão moderna de apoio às rendas acessíveis e a não construção de bairros para ‘guetizar’ pessoas, ou critérios objetivos de distribuição da riqueza são outras das medidas defendidas pelo CDS previstas no orçamento.
O primeiro Governo Regional de coligação na Madeira tomou posse em 15 de outubro de 2019.
C/LUSA