Catarina Martins falava em declarações aos jornalistas, no Campo Pequeno, em Lisboa, minutos antes do início da marcha pelo clima, organizada pela coligação “Unir Contra o Fracasso Climático".
“É preciso a coragem política para fazer frente ao poderosíssimo ‘lobby’ dos combustíveis fosseis. Estas jovens gerações têm essa coragem e é por isso que é preciso ter toda a solidariedade e dar-lhes todo o apoio”, disse.
Contudo, quando questionada sobre se o Bloco de Esquerda apoia o pedido de demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, defendido pelos ativistas, Catarina Martins afirmou ser preciso mais do que isso.
“Demitir o ministro da Economia para vir um fazer exatamente a mesma coisa talvez não resolva o problema. Precisamos mais do que isso. Precisamos de uma aposta económica diferente no nosso país”, afirmou.
A coordenadora do BE justificou ser necessário que se deixe “de dizer que vão substituir um tipo de energia por outro, que tem outro nome, mas que é igualmente poluente, enquanto não se faz nada verdadeiramente para se fazer uma transição ecológica e energética”.
As declarações de Catarina Martins ocorreram antes de dezenas de manifestantes terem invadido um edifício em Lisboa, onde decorria um evento privado com o ministro da Economia, António Costa Silva, tendo sido retirados pela polícia.
A coordenadora do BE voltou ainda a criticar a Universidade de Lisboa pela intervenção policial na sexta-feira para afastar ativistas climáticos que ocupavam a Faculdade de Letras.
Para Catarina Martins, “estudantes estarem nas universidades a protestar é normal e é a democracia a funcionar”.
“É por isso que temos uma tradição em Portugal de não haver intervenção policial quando estudantes estão nas universidades em protestos. É incompreensível a decisão da Universidade de Lisboa”, disse.
Defendeu ainda que “quem pede ação climática é quem é sensato” e “neste momento é preciso que haja ação concreta, ouvindo estes jovens.”.
“Um dos processos é que a Constituição da República Portuguesa inclua novas obrigações, novos direitos que têm a ver com o clima e o ambiente”, acrescentou.