O novo monarca britânico, com 73 anos, sucede à sua mãe, a rainha Isabel II, que morreu na quinta-feira aos 96 anos.
A cerimónia do Accession Council, o órgão cerimonial que se reúne após a morte de um monarca, foi presidida por Penny Mordaunt, a nova líder da Câmara dos Comuns, que começou por ler a comunicação formal da morte de Isabel II. “Meus senhores, é meu triste dever informar que sua graciosa majestade, a rainha Isabel II, faleceu na quinta-feira, 8 de Setembro de 2022, no Castelo de Balmoral”, começou Mordaunt.
Com a presença da rainha-consorte, Camilla, do príncipe de Gales, William, da primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, entre outras figuras de estado, incluindo vários antigos primeiros-ministros, Carlos III assinou o documento oficial depois da leitura da proclamação pelo secretário do Accession Council.
“Considerando que agradou a Deus Todo-Poderoso chamar à sua misericórdia a nossa falecida soberana rainha Isabel II de abençoada e gloriosa memória, por cujo falecimento a coroa da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte é única e legitimamente concedida ao príncipe Carlos Filipe Artur Jorge.
“Nós, portanto, os senhores espirituais e temporais deste reino, e membros da Câmara dos Comuns juntamente com outros membros do conselho privado de sua falecida majestade e representantes dos reinos e territórios, vereadores, cidadãos de Londres e outros, com uma voz e consentimento de língua e coração publicamos e proclamamos que o príncipe Carlos Filipe Artur Jorge, é agora pela nossa morte da nossa falecida soberana de memória feliz, tornou-se o nosso único legal e feliz Senhor.
“Carlos III, pela graça de Deus do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e dos seus outros reinos e territórios, rei, líder da Commonwealth, defensor da fé, a quem reconhecemos toda a fé e obediência com humilde afecto, implorando a Deus por quem reis e rainhas reinam para abençoar sua majestade com longos e felizes anos para reinar sobre nós. Deus Salve o Rei”.
A proclamação encerrou a primeira parte da cerimónia, a que se seguiu o discurso de Carlos III. Seguindo à risca a tradição, o rei começou a sua declaração anunciando a morte da sua “amada mãe, a rainha”.
“Quanto a este reino e à família mais ampla de nações da qual faz parte, a minha mãe deu um exemplo de amor ao longo da vida e de serviço altruísta. O reinado da minha mãe foi inigualável na sua duração, na sua dedicação e na sua devoção”, afirmou Carlos III, assumindo “esta grande herança e os deveres e pesadas responsabilidades de soberania que agora me passaram”.
"Ao assumir essas responsabilidades, devo esforçar-me para seguir o exemplo inspirador que me foi dado ao defender o Governo constitucional e procurar a paz, a harmonia e a prosperidade dos povos destas ilhas e dos reinos e territórios da Commonwealth em todo o mundo. Neste propósito, sei que serei sustentado pela afeição e lealdade dos povos cujo soberano fui chamado a ser e, no cumprimento desses deveres, serei guiado pelo conselho dos seus parlamentos eleitos”, continuou o novo monarca britânico.
Depois de efectuar fazer o juramento relativo à segurança da Igreja da Escócia e de agradecer o “apoio constante” da sua mulher, Camilla, a rainha-consorte, Carlos III encerrou o seu discurso: “Ao cumprir a pesada tarefa que me foi confiada, à qual dedico o que me resta da minha vida, rezo pela orientação e ajuda de Deus Todo-Poderoso.”
Autorizando que a proclamação seja lida por todo o reino, Carlos III assinou o juramento, seguido pelas testemunhas: William, o príncipe de Gales, Camilla, a rainha-consorte, Nicola Sturgeon, a primeira-ministra da Escócia, e o secretário de Estado para a Escócia, Alister Jack.
Como manda a tradição, a proclamação foi, depois, lida à varanda do Palácio de St. James, sobre Friary Court, a primeira de várias leituras por todo o país, seguindo-se na Royal Exchange, em Londres, na presença do mayor da capital britânica, em Edimburgo, Cardiff, Belfast e nas capitais dos países da Commonwealth, com a cerimónia a terminar com o disparo de uma salva de tiros pela Guarda do Rei, repetida por todo o país.