"Sou um cidadão com responsabilidades públicas e não posso passar ao lado das palavras e dos apelos que oiço diariamente daquelas pessoas que querem a mudança na região, uma mudança diferente, positiva e inovadora", afirmou após a reunião do executivo camarário.
Paulo Cafôfo sublinhou que os madeirenses e porto-santenses merecem "mais e melhor", realçando que está convicto de que pode ser "parte ativa e determinante nessa mudança", na sequência das eleições legislativas agendadas para 22 de setembro.
O discurso de renúncia foi feito no pátio interior do edifício da Câmara Municipal do Funchal e contou com a assistência de dezenas de funcionários da autarquia e vários dirigentes e simpatizantes dos partidos da coligação Confiança, que lidera o município do Funchal desde 2017: PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos!.
O JPP integrava a aliança, mas desvinculou-se.
O líder do PS/Madeira, Emanuel Câmara, que também anunciou recentemente a renúncia ao cargo de presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz (norte da Madeira), não esteve presente.
"Sinto que é tempo de agir, de marcar a diferença. A Madeira não pode esperar mais", disse Paulo Cafôfo, numa intervenção em que foi várias vezes aplaudido, realçando que é chegado o tempo de se “dedicar a 100%” à concretização de um novo protejo.
O candidato independente à presidência do Governo Regional vincou que quer estar "livre para ir ao encontro de todas e de todos, para conhecer as suas necessidades, ambições e desejos".
Paulo Cafôfo, que se tornou presidente da principal câmara madeirense em 2013 pela coligação Mudança (PS/BE/PTP/PAN/PND/MPT), foi reeleito em 2017 pela coligação Confiança, conquistando a maioria absoluta.
Até então, o município tinha sido liderado pelo PSD, partido que governa a Madeira desde 1976.
"Para esta minha decisão pesou também a avaliação concreta que os compromissos que me propunha estão atingidos", declarou Paulo Cafôfo, afirmando que o trabalho na autarquia "não foi fácil", devido à "herança pesada que recebemos em 2013".
"Passámos para um novo ciclo: reduzimos a dívida da Câmara – dois terços do total que herdámos, o Funchal está com a dívida mais baixa desde o ano 2000 -, baixámos o IMI para a taxa mínima e devolvemos IRS às pessoas, apostámos na qualidade de vida nas zonas altas, investimos no ambiente e na proteção civil, na segurança de todos nós", afirmou.
O candidato a chefe do executivo esclareceu ainda que a decisão de renunciar ao cargo na Câmara do Funchal acontece no "momento certo" e foi tomada após uma reflexão pessoal, que teve em conta os interesses do Funchal e da Região Autónoma da Madeira.
"Tal como sempre aconteceu em toda a minha vida política, tomo esta decisão para responder a anseios coletivos e não a objetivos pessoais", disse, lembrando que é professor e a entrada na política foi motivada por um desejo de participação cívica, de se "envolver e lutar por um caminho diferente, por um futuro melhor".
Em declarações à comunicação social após a renúncia, Paulo Cafôfo desvalorizou o resultado das eleições europeias na Madeira enquanto sinal da tendência de voto para as legislativas regionais de 22 de setembro.
"Não podemos extrapolar os resultados das europeias para as regionais", afirmou, realçando que "são eleições completamente diferentes, com contexto totalmente diferenciado, com outros protagonistas".
O PSD foi o partido mais votado na Região Autónoma da Madeira nas europeias de domingo, com 37,15% dos votos (ganhou nove em onze concelhos, incluindo o Funchal), tendo o PS obtido 25,81% (vitória em dois concelhos).
A abstenção situou-se nos 61,47%, valor inferior aos 66,14% de 2014.
Paulo Cafôfo indicou, no entanto, que a soma dos votos nos partidos que constituem a coligação Confiança continuam a maioria.
A presidência da Câmara Municipal do Funchal transita agora para Miguel Gouveia, que desempenhava funções de vice-presidente e vereador das Finanças.
C/Lusa