“Por amor de Deus, esse homem não pode permanecer no poder”, disse Biden durante um discurso no castelo real de Varsóvia, num tom particularmente duro dirigido ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Ao dirigir-se diretamente aos russos, insistiu no facto de não ser o povo russo quem considera como inimigo.
“Permitam-me dizer isto, se forem capazes de entender, vós, o povo russo, não são o nosso inimigo”, declarou.
“Recuso acreditar que irão receber favoravelmente a morte de crianças e de avôs inocentes ou aceitem que hospitais, escolas, maternidades, sejam destruídos por mísseis e bombas russas”, disse, salientando: “Esta guerra não é digna de vós, povo russo”.
E insistiu: “Putin deve pôr termo a esta guerra”.
O Presidente norte-americano considerou, no entanto, que o conflito na Ucrânia não vai terminar rapidamente e fez uma vibrante defesa da democracia liberal e da aliança militar da NATO, ao considerar que a Europa está confrontada com um imenso desafio.
A batalha “entre a democracia e a autocracia” não será “ganha em alguns dias ou meses. Devemos preparar-nos para um longo combate que temos pela frente”, advertiu, antes de assegurar aos ucranianos: “estamos do vosso lado”.
Biden também reafirmou que os Estados Unidos não pretendem entrar em conflito com as forças russas que invadiram a Ucrânia, mas fez um sério aviso a Moscovo: “Não pensem avançar um centímetro em território da NATO”.
“Esta guerra já constitui uma derrota estratégica para a Rússia”, disse o Presidente norte-americano, aplaudido por cerca de mil pessoas que assistiam ao seu discurso frente ao palácio real na capital polaca.
Partiu depois para o aeroporto, devendo regressar a Washington durante esta noite. O Presidente dos Estados Unidos visitou a Polónia depois de ter participado em três cimeiras, da NATO, do G7 e da União Europeia (UE), em Bruxelas, centradas na invasão russa da Ucrânia.
Biden visitou as forças armadas norte-americanas estacionadas na Polónia perto da fronteira com a Ucrânia, reuniu-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da Ucrânia, Dmitro Kuleba e Oleksii Reznikov, respetivamente, e com o presidente polaco, Andrzej Duda, cujo país teme a agressividade de Moscovo, após a Rússia ter invadido a Ucrânia, tendo-se encontrada ainda com refugiados ucranianos.
No encontro com Duda, o presidente norte-americano reafirmou que o artigo 5.º do tratado da NATO, estipulando que um ataque a um país membro é um ataque a todos, constitui "um dever sagrado” para os Estados Unidos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, 3,7 milhões das quais para fora do país.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa