“Neste momento, não é a oposição que está a pôr em causa a estabilidade política para o Governo [PS] poder governar. Quem está a pôr a estabilidade do Governo em causa são os próprios membros do Governo, que estão numa competição e numa autofagia completa, que está a levar à descredibilização também da própria democracia”, afirmou.
Miguel Albuquerque falava aos jornalistas no Funchal, onde assistiu à passagem do cortejo alegórico da Festa da Flor, num comentário aos mais recentes acontecimentos relacionados com o Ministério das Infraestruturas e a comissão de inquérito à TAP, que envolveram a exoneração de Frederico Pinheiro, adjunto do ministro João Galamba.
“Esta desgraça que está a acontece é, de facto, má para as instituições democráticas, para a credibilidade do regime e, neste momento, eu acho que a posição do ministro é insustentável”, disse Miguel Albuquerque.
O chefe do executivo madeirense considera que o primeiro-ministro, António Costa, “tem de pôr ordem na casa” e “tomar as rédeas da situação”, porque “o país não pode estar sempre em eleições”.
“A degeneração que está a acontecer, do meu ponto de vista, tem apenas um princípio, que é confundir as questões de Estado com as questões partidárias, utilizar o aparelho do Estado como se fosse propriedade deles [do PS]”, afirmou, vincando que estas circunstâncias levam à “fragilização de um Governo que tinha todas as condições para governar”.
Miguel Albuquerque classificou a situação da TAP como “uma novela triste”, alertando para o facto de envolver o dinheiro dos contribuintes.
“O primeiro-ministro tem de pôr ordem na casa, porque não é a oposição, não é o Presidente da República, não são os concidadãos que estão a degenerar o Governo”, reforçou.
Em conferência de imprensa, no sábado, o ministro das Infraestruturas considerou ter “todas as condições” para estar no Governo, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP.
João Galamba disse que informou a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, sobre a reunião preparatória pedida pelo PS e que podia participar, se quisesse, tendo recebido confirmação do interesse mais tarde, presença à qual não se opôs.
O governante afirmou ainda que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo de um computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ.
O adjunto exonerado acusou o Ministério das Infraestruturas de querer omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a “reunião preparatória” com a ex-CEO.