"Agora, dizer que a Madeira não tem as suas particularidades e desafios, não o posso dizer. Tem as suas particularidades e os seus desafios muito sérios", disse o comandante, com experiência de anos nas linhas da Madeira e dos Açores e professor universitário de Aeronáutica, na audição parlamentar da Comissão Especializada Permanente de Economia, Finanças e Turismo sobre a "avaliação da operacionalidade do Aeroporto Internacional da Madeira Cristiano Ronaldo", muitas vezes condicionado pelos ventos, precipitação e reduzida visibilidade.
Um grupo de trabalho foi constituído para estudar o levantamento ou não das limitações da operacionalidade do aeroporto.
"O grande problema é que, nós, agora, para mexermos nesta fórmula [a ampliação e o reforço da segurança, entretanto conseguida] que resultou em algo de muito positivo para a operação na Madeira, é complicado, nós não podemos mexer nela sem saber em que é que estamos a mexer, este é um assunto que deve ter, essencialmente e principalmente, um tratamento técnico-científico de dados quantitativos", opinou.
Para Miguel Silveira, se um aeroporto estiver sujeito a condições meteorológicas abaixo dos mínimos impostas pela Autoridade Aeronáutica deve ser encerrado.
"Na minha opinião, a operação naquele aeroporto deve ser encerrada, caso contrário estaremos perante uma possível pressão psicológica que seja quase um convite ao não cumprimento da regulamentação" porque, indicou, "as limitações existem para tornar a aviação naquilo que ela é, um dos poucos sistemas ultra seguros no mundo".
"Essas limitações existirão sempre e, se nós deixarmos alguns destes fatores ao critério de um comandante, somos capazes de estar no caminho da asneira", alertou.
O diretor do Instituto Português do Mar e da Atmosfera da Região Autónoma da Madeira, Vítor Prior, ouvido também na audição daquela Comissão Especializada, revelou que as condições atmosféricas no arquipélago, incluindo no Aeroporto, são sobretudo influenciadas pelo anticiclone dos Açores, fazendo predominar ventos de nordeste.
Vítor Prior revelou, no entanto, que um estudo sobre os ventos nos últimos três anos comparados com os de anos anteriores, realizado nas estações do Porto Santo e na Ponta de São Lourenço [Caniçal], indicam um ligeiro acréscimo na intensidade do vento.
"Os últimos três anos, comparados com os de anos anteriores, verifica-se um aumento da intensidade média na ordem dos 0,4 nós no Porto Santo e 0,9 nós no Caniçal e de 0,6 e 1,2 na rajada. Não direi que é muito, mas será o suficiente para influenciar a operação em geral", concluiu.
A Assembleia Legislativa está a auscultar diversas entidades ligadas às operações aeroportuárias no sentido de avaliar a possibilidade de haver revisão dos limites operacionais [vento, chuva e visibilidades] no aeroporto da Madeira.
C/ LUSA