Os ‘apartes’, como designou Eduardo Jesus, do dia de ontem estão a gerar uma enorme onda de revolta. O secretário com a pasta do turismo usou termos como “burra do caral*” e “gaja” para se referir às deputadas do Partido Socialista. Ainda chamou o deputado do JPP de “bardamer*”.
Insultos que estão a ter eco nacional e que estão a levar a uma onda de solidariedade para com os lesados.
Nas redes sociais, a deputada do PS Sancha de Campanella diz que “estas palavras não são apenas um insulto pessoal – são uma agressão ao Parlamento, à democracia e à dignidade de todos os madeirenses que aqui elegeram os seus representantes” e respondeu a Eduardo Jesus dizendo que “é reconfortante saber que a nova bitola da legitimidade parlamentar é o dicionário. Resta saber se o próximo argumento será a validação moral do insulto com base na ordem alfabética.”
Já a deputada Silvia Silva, apelidada de “gaja” por Eduardo Jesus disse, através das redes sociais, que foi uma “clara falta de respeito”.
“Quiseram enterrar-nos, mal sabiam que éramos sementes .É assim que me sinto perante as centenas de manifestações de apoio que recebemos, no seguimento do vil tratamento que nos foi dirigido, na Assembleia da Madeira, pelo Secretário Regional do Turismo, Ambiente e CULTURA, Eduardo Jesus. A indignação perante mais este caso de falta de respeito e má conduta por parte de governantes e da maioria que os sustenta, encontrou terreno fértil para combatermos coletivamente este tipo de comportamento que mina a sociedade madeirense.
Não perderemos esta oportunidade. Não foi a primeira vez num Parlamento que rejeita códigos de conduta e não admite oposição. Mas desta feita, o caso ecoou porque mereceu divulgação e devido destaque num órgão de comunicação social regional que o catapultou para outros meios. Bem haja quem teve a iniciativa e a coragem numa região manietada. Senti-me ofendida, não só em termos pessoais, mas ofendida em nome de todas as mulheres que, de alguma forma, são agredidas e menorizadas no trabalho, em casa, na rua e viram, neste alto dirigente, representante do povo, mais um agressor que, pelo cargo que ocupa e pelo exemplo que devia ser, normaliza a violência. Na Madeira, mais do que no resto do Pais, a violência contra as mulheres é um flagelo e são comportamentos como o deste Secretário que a banaliza, dando respaldo ao comportamento dos agressores e desamparando as vítimas. Não ofendemos, não “nos pusemos a jeito”, não lhe demos e não existe qualquer motivo para esta agressão. Desempenhamos as funções para as quais fomos eleitas. A oposição, a visão diferente e fundamentada não lhe dá qualquer direito. É em nome de todas nós, alguma vez humilhadas, que agradeço todo o apoio que recebemos. Foram centenas de manifestações pessoais, públicas, particulares e institucionais.
Espero sinceramente que este caso, mais do que uma reflexão coletiva, tenha consequências, a vários níveis. Até lá, não nos calarão, não nos derrotarão! Somos fortes, como são fortes todas as mulheres, mas o apoio que recebemos torna-nos gigantes!”, escreveu a deputada Sílvia Silva.