"O que aconteceu ao Banif foi um golpe preparado a partir de Bruxelas [instituições da União Europeia] com a cumplicidade do Banco de Portugal e do Governo do PS", afirmou, durante a apresentação do relatório final da Comissão de Inquérito ao banco, do qual é o relator.
O documento foi aprovado na comissão a 21 de março deste ano pelos deputados do PSD e do CDS-PP. BE, JPP e PS votaram contra.
A votação aconteceu após quase dois anos de audições, onde foram ouvidas diversas entidades e onde se assinalou que a região autónoma é "completamente alheia" ao processo de recapitalização e ruína do banco e à sua posterior venda ao Santander, em 2015, por 150 milhões de euros.
João Paulo Marques destacou que este foi "o maior golpe de sempre" ao dinheiro dos contribuintes, uma vez que o governo assumiu responsabilidades no valor de 3 mil milhões de euros e continua sem definir uma solução para os clientes lesados, que perderam cerca de 263 milhões de euros.
A Comissão Eventual de Inquérito ao Banif da Assembleia Legislativa da Madeira foi constituída em fevereiro de 2016 por iniciativa do PS, na sequência do colapso do banco, sendo que o objetivo era analisar a sua gestão e apurar o grau de exposição à dívida da Região Autónoma da Madeira.
Os trabalhos foram concluídos em novembro de 2017 e os representantes do Santander e do Banco de Portugal (BdP), responsável pela resolução que culminou na sua venda, recusaram sempre comparecer perante os deputados madeirenses.
Esta situação foi, entretanto, rotulada de "afronta à dignidade da Assembleia Legislativa" pelo presidente da comissão, o social-democrata Carlos Rodrigues.
O deputado vincou, ainda, que o relatório deverá ser usado como instrumento de "pressão política".
Os grupos parlamentares centraram o debate na necessidade de encontrar uma solução para os lesados do Banif, bem como no grau de responsabilidade do Governo Regional e do Governo da República no processo.
LUSA