Em resposta às perguntas de Rui Rio no debate do programa do Governo sobre TAP, salários e combustíveis, Costa começou por recorrer à ironia.
“Ao ouvir o fervor com que voltou do debate da campanha eleitoral, fiquei com sensação de que queria uma segunda volta das eleições. Ó dr. Rui Rio, a ver o bom exemplo do que conseguiu na segunda volta do círculo da Europa, vamos a isso”, disse, numa referência à perda de um deputado por parte do PSD na repetição das legislativas nesta circunscrição.
O primeiro-ministro referiu-se ainda às eleições internas do PSD que vão escolher o sucessor de Rui Rio, que já anunciou que deixará o cargo na sequência da derrota nas legislativas.
“Começo a perceber porque vai adiando as eleições internas no seu partido, a ver se ainda quer ir a uma segunda volta comigo. Eu estarei cá mais quatro anos e seis meses à espera de si, tem tempo de ir e voltar e eu ainda cá estarei”, afirmou, na primeira vez em que deu esta garantia pública após a tomada de posse do executivo.
Na cerimónia de posse do XXIII Governo Constitucional, em 30 de março, Marcelo Rebelo de Sousa avisou António Costa que "não será politicamente fácil" a sua substituição por outra pessoa na chefia do Governo a meio da legislatura, defendendo que os portugueses "deram a maioria absoluta a um partido, mas também a um homem".
"É o preço das grandes vitórias, inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas. E é sobretudo o respeito da vontade inequivocamente expressa pelos portugueses para uma legislatura", afirmou o chefe de Estado perante António Costa, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
No dia seguinte, o Presidente da República falou aos jornalistas na varanda do Palácio de Belém e recusou que tivesse feito um ultimato ao primeiro-ministro, contrapondo que António Costa "é refém do povo", como disse o socialista Carlos César, e que o ultimato é do povo.
Instado a clarificar se convocará eleições antecipadas em caso de saída de António Costa a meio da legislatura, retorquiu: "Não quero clarificar, porque decorre daquilo que é assumido pelo próprio partido do Governo que o compromisso, quando se diz que alguém é refém do povo, é um compromisso para com o povo por um período para o qual o povo votou".
"Votou para uma legislatura. Portanto, não vale a pena estar a especular sobre cenários que estão fora de causa", considerou.
Face à pergunta se gostaria de ter ouvido do primeiro-ministro a garantia de que quer cumprir o mandato até ao fim, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "decorreu do que ele disse a predisposição de olhar para a legislatura, falou até ao fim da legislatura, legislatura parlamentar".