O Governo da Madeira vai reabrir ao público em janeiro, mediante entradas pagas, a Quinta dos Jardins do Imperador, abandonada e afetada pelos incêndios de agosto de 2016, anunciou hoje a secretária regional do Ambiente e Recursos Naturais.
Susana Prada visitou hoje, na freguesia do Monte, no Funchal, as obras de recuperação da Quinta dos Jardins do Imperador que estão a cargo do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN).
"As espécies invasoras tomaram conta do jardim e o Governo Regional decidiu intervir no sentido de limpar e enriquecer as coleções, nomeadamente com rosas", disse a secretária regional, acrescentando que o executivo pretende "dinamizar o espaço" e "torná-lo visitável à população".
"Nós vamos abrir o Jardim a partir do início do próximo ano", revelou, com um preço de entrada "simbólico".
O Governo Regional vai instalar na Quinta o Museu do Romantismo e uma cafetaria de apoio aos visitantes.
A Quinta situa-se no Sítio do Pico, na freguesia do Monte, no concelho do Funchal e compreende um edifício com capela, lago, parque e jardins e uma torre denominada Malakof, referência do património edificado madeirense.
A Quinta do Monte é atualmente conhecida por Quinta dos Jardins do Imperador, numa alusão ao Imperador Carlos de Áustria, último Imperador da Áustria-Hungria que ali viveu com a sua família, exilado entre 1921 e 1922, acabando por ali falecer.
Segundo a governante, as primeiras referências a esta propriedade datam de 1784, séc. XVIII, estando registado como um prédio rústico de aproximadamente seis hectares no nome de um comerciante madeirense, José Crisóstomo Costa e Silva.
Até 1820 foram vários os proprietários da Quinta do Monte, tendo sido vendida por Pedro Agostinho Pereira D´Agrela a Thomas Gordon, que iniciou o melhoramento da Quinta com a construção de poços, riachos e tanques de irrigação na propriedade do Monte.
A Quinta e os jardins foram sofrendo alterações ao longo dos tempos, nas mãos de diversas famílias, como a família Gordon, depois pela família Cossart até à família de Luiz Rocha Machado em 1899.
Foi na posse desta família que foi emprestada ao Imperador Carlos de Áustria, passando mais tarde por herança, às filhas de Luiz Rocha Machado, tendo uma delas, D. Helena Rocha Machado e Couto residido na Quinta entre 1956 e 1975, altura em que a cedeu à pintora madeirense Lurdes de Castro.
O imóvel foi vendido ao governo na década de 80 do séc. XX.
Em 2003, o Governo Regional concessionou a Quinta à empresa Madeiquintas – Empreendimentos Turísticos Lda mas, em 2011, retirou a concessão à mesma por considerar que o caderno de encargos não tinha sido respeitado.
O caso acabou sendo tratado em sede judicial com o Governo a pagar uma indemnização à empresa pelo valor de cerca de 800 mil euros.
A Quinta desde sempre foi uma referência pela sua vegetação exuberante, património edificado e foi motivo para a realização de diversos trabalhos artísticos de variadas áreas.
LUSA