As autoridades colombianas confirmaram ontem que mais de 381 mil venezuelanos entraram na Colômbia para comprar alimentos e medicamentos desde que foi reaberta, há uma semana, a passagem pedonal na fronteira entre os dois países.
Os dados foram confirmados aos jornalistas pelo próprio Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, após uma reunião do conselho de segurança do departamento colombiano de Arauca, precisando que a reabertura "tem evoluído positivamente".
"A cada uma destas pessoas foi-lhes entregue um cartão de imigração que lhes dá a oportunidade de entrarem (na Colômbia) até 12 vezes num prazo de 30 dias", explicou.
No entanto, sublinhou, que se têm registado "problemas de invasões (de propriedades) em diferentes municípios (fronteiriços), de venezuelanos que vêm (à Colômbia) e não regressam" ao seu país, um assunto que será "enfrentado" e "administrado" pelas autoridades colombianas.
Por outro lado referiu-se ao recente sequestro de quatro produtores de arroz, em Arauca, e a agricultores que são vítimas de "extorsões" da parte de alegados militantes do Exército de Libertação Nacional (ELN, da Colômbia) e instou a população a denunciar as ocorrências de que sejam alvo.
"Temos um problema com os produtores de arroz que estão a ser extorquidos, porque eles (paramilitares do ELN) cruzam a fronteira da Venezuela, depois sequestram, toda a gente sabe, mas não legalmente porque ninguém fez a denúncia (…). Se as comunidades ajudarem as autoridades vamos conseguir tirar este peso de cima, esse flagelo", disse.
A 10 de agosto último a Venezuela e a Colômbia chegaram a um acordo, para reabrir, "de forma controlada e gradual", a fronteira entre os dois países, encerrada há um ano pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"Vamos abrir a fronteira de forma controlada e gradual, isso é o que determinámos", anunciou o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos à margem de um encontro com Nicolás Maduro, na cidade de Puerto Ordáz, no sudoeste da Venezuela.
A Venezuela e a Colômbia partilham mais de 2.219 quilómetros de fronteira.
Em julho, mais de 100 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com a Colômbia para comprarem produtos básicos e medicamentos, bens que escasseiam na Venezuela, durante dois domingos em que houve uma abertura fronteiriça temporária a peões, segundo as autoridades colombianas.
A 19 de agosto de 2015, Maduro ordenou o encerramento da ponte Simón Bolívar, principal passagem entre a cidade colombiana de Cúcuta e as localidades venezuelanas de San António e Ureña.
Cinco dias depois, as autoridades venezuelanas decretaram o estado de emergência em seis municípios fronteiriços com a Colômbia, justificando a medida com o combate a grupos paramilitares, ao narcotráfico e ao contrabando.
O estado de emergência foi depois estendido a 20 municípios, abrangendo os estados venezuelanos de Táchira, Zúlia e parte de Apure, o que levou ao fecho de toda a fronteira.
C/Lusa