"Temos um país mais pobre e mais pequeno, com severos problemas de desigualdade. 94,5% da população da Venezuela está em situação de pobreza e 76,6% de pobreza extrema", explicou a professora Anitza Freitas, durante uma conferência de imprensa em Caracas.
Apenas 5% da população tem como manter o nível de rendimentos num país que está em recessão e com alta inflação, revelam os dados do relatório Sondagem Nacional sobre Condições de Vida (Encovi 2020-2021), realizado pelo Instituto de Investigações Económicas e Sociais da UCAB.
Segundo o sociólogo Luís Pedro España, os venezuelanos dependem das oportunidades e do acesso que tenham a elas, para sair da pobreza, mas "há muita gente formada que não tem onde trabalhar", na Venezuela, um país "onde não há investimentos".
Por outro lado, o relatório precisa que "os indicadores que mais pesam" são a insuficiência de bens, de rendimentos, deficiência de eletricidade e água, ausência de seguro, desemprego e a educação de adultos.
Também a combinação de fatores relacionados com as propriedades dos que emigraram e a custódia desses bens e o aumento de problemas relacionados com o serviço de água potável e esgotos, entre outros.
"A insuficiência de rendimentos, apesar de ser o principal componente da pobreza multidimensional perde peso (de 51% para 45%) em 2021 com relação a 2020, basicamente pelo deterioramento dos indicadores das outras dimensões", explica.
O relatório precisa ainda que 66% das pessoas que não são pobres têm um trabalho ativo, principalmente nas áreas financeira, de comércio e na indústria de manufaturação. No entanto, as atividades agrícolas, de serviços elementares (manutenção e limpeza) e as públicas, são "onde há uma proporção maior de pobreza", com as mulheres a ganhar menos que os homens.
"Se distribuíssemos todos os rendimentos familiares equitativamente entre elas, o rendimento médio per capita seria de 30 dólares por venezuelano por mês, ou seja, 1 dólar por pessoa por dia (ppd) (…) não seríamos apenas todos pobres, segundo a linha de pobreza internacional de 1,9 dólares ppd, teríamos de duplicar o rendimento nacional e distribuí-lo de forma equitativa, de novo, para continuar a ser pobre, mas não extremamente pobre", explica.
A sondagem revela ainda que os rendimentos dos homens venezuelanos são 17,7% superiores ao das mulheres (1,23 dólares contra 1,05 dólares) e que a média de trabalho semanal é de 38 horas para os homens e 33 para as mulheres.