O membro da direção do Fórum para a Competitividade Luís Todo Bom afirmou hoje que só “um louco investe em Portugal”, condenando o “calvário” com licenciamentos e os atrasos nos tribunais, e criticou o “fascínio provinciano” por ‘startup’.
“O fascínio provinciano por ‘startup’ [empresas com rápido potencial de crescimento económico], para mim, sempre foi um enigma. As ‘startup’ não mexem o ponteiro. As empresas grandes é que inovam”, afirmou Luís Todo Bom, no debate PRR: “Potenciar os efeitos dos fundos europeus na economia nacional”, organizado pelo Fórum para a Competitividade, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa.
Para o responsável, a aposta em pequenas e médias empresas (PME) leva a uma “pobreza sistemática”, acrescentando que só é possível ter empresas de grande dimensão em Portugal através do investimento estrangeiro ou de processos de fusões e aquisições de empresas existentes.
Luís Todo Bom considerou ainda que só “um louco investe em Portugal”, condenando o “calvário” com os licenciamentos e os atrasos nos tribunais.
Presente na mesma sessão, o administrador do El Corte Inglés Portugal lamentou que o país esteja entre os que têm melhores infraestruturas rodoviárias e que mesmo assim 26% do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) seja destinado a estes investimentos.
“Portugal é o 8.º país no World Economic Forum com melhores infraestruturas rodoviárias, mas 26% do PRR é dedicado a este tipo de investimento. Temos um défice no investimento privado, dedicando apenas 20%, enquanto Grécia e Espanha atribuem, respetivamente, 49% e 43%”, indicou Alexandre Patrício Gouveia.
Durante a sua intervenção, este responsável vincou que não há crescimento económico sem investimento, notando que Portugal, “ano após ano, tem desprezado a criação de condições favoráveis ao aparecimento de investimento”.
Por outro lado, o administrador do El Corte Inglés Portugal lamentou que o país esteja a gastar mais de 14.000 milhões de euros em despesas públicas, dinheiro que deixa de ser aplicado em “investimento e poupanças”.
Já no que se refere ao investimento privado líquido, Patrício Gouveia lembrou que esteve sempre abaixo da média da União Europeia, sendo que em 2011 passou mesmo a ser negativo.
“Isso é fatal para um país que queira crescer. O investimento que nós temos é desequilibrado porque uma parte importante é dirigida à construção e obras públicas”, acrescentou.
O PRR tem um período de execução até 2026 e prevê um conjunto de reformas e investimentos para alavancar o crescimento económico.