“A proposta apresentada pelo Governo para os aumentos na administração pública mantém a lógica da perda de rendimentos e do poder de compra de todos os trabalhadores, também dos enfermeiros”, adiantou o sindicato (SEP) em comunicado.
De acordo com a estrutura sindical, ainda que os impactos das medidas anunciadas pelo Governo atinjam os 1.200 milhões de euros no próximo ano, prevê-se um “retorno aos cofres do Estado de cerca de metade daquele valor depois da dedução dos impostos”.
Na segunda-feira, a ministra da Presidência disse à Lusa que as medidas de valorização da administração pública, incluindo aumentos salariais, promoções e progressões e a revisão da tabela remuneratória, terão um impacto orçamental de 1.200 milhões de euros em 2023.
No final da ronda negocial, Mariana Vieira da Silva adiantou que existe margem para melhorar a proposta de aumentos salariais, admitindo "pequenos acertos", mas destacou o esforço orçamental que a proposta já contempla.
O Governo propôs aos sindicatos da administração pública aumentos salariais entre 8% e 2%, com garantia de um mínimo de cerca de 52 euros.
Na reação a esta proposta, o SEP considerou hoje “inaceitável” que o Governo proponha aumentos de 2% para trabalhadores com salário bruto acima dos 2.700 euros, “penalizando-os duplamente já que são estes que também mais pagam IRS, face à progressividade deste imposto”.
O sindicato apresentou dados da evolução das remunerações dos enfermeiros entre 2010 e 2022, alegando que, nesses 12 anos, a remuneração base média mensal líquida dos enfermeiros aumentou 95 euros – passando de 1.462 para 1.557 euros -, mas o vencimento base médio ilíquido aumentou, em termos nominais, “apenas um euro”, de 1.075 para 1.076 euros.
“Considerando que os preços aumentaram 20,4% entre 2010 e 2022 (inclui a subida de preços de 8% para este ano), a remuneração base média mensal líquida de 2022 (a preços de 2010) é apenas de 889 euros, ou seja, diminuiu 17%”, assegurou o SEP.
De acordo com o SEP, a base da carreira especial de enfermagem, em 2010, tinha uma remuneração ilíquida de 1.201 euros e, passados doze anos, aumentou para os 1.216 euros, ou seja, 14 euros.
Quando um dos "problemas do Serviço Nacional de Saúde é a dificuldade na retenção de enfermeiros”, o SEP considera que “este problema vai manter-se com a atual proposta de aumentos salariais do Governo”.
Lusa