"Estamos hoje a fazer a apresentação do vinho, mas de facto já vendemos quase toda a produção em apenas um mês", disse à agência Lusa, vincando que das cerca de 11 mil garrafas referentes à campanha de 2017 – a primeira do seu projeto – apenas 3.000 estão disponíveis no mercado regional.
"Ilha" é um vinho de mesa madeirense DOP – Denominação de Origem Protegida – e Diana Silva criou-o com base numa casta "muito desdenhada" pelos agricultores locais, usada apenas na produção de vinho Madeira, uma vez que apresenta menores maturações e não exige grandes cuidados.
"A casta tinta negra é resistente e, como tal, não exige muito trabalho por parte dos agricultores, mas sendo bem tratada produz um vinho excelente", explicou, sublinhando que, embora o grau alcoólico não seja elevado, é possível criar o equilíbrio ideal entre a frescura, a acidez e o açúcar.
A trilogia de vinhos "Ilha" representa uma pequena produção – 3.500 garrafas de tinto, 3.650 de branco e 3.900 de rosé – de baixo teor alcoólico (11,5%, 12%), que se encontram no mercado nacional e internacional (Alemanha e Bélgica).
"Não há nenhum produtor a fazer vinho de mesa com tinta negra. Há uma necessidade enorme de aumentar a produção ao nível da qualidade e tem de haver uma mudança de mentalidade, em que a uva passe a ser paga pela qualidade e não apenas pela quantidade", considerou Diana Silva, que investiu 100 mil euros no projeto.
O vinho "Ilha" assenta também numa parceria entre a enóloga e um produtor local, Samuel Freitas, proprietário de terrenos na Achada do Til, freguesia de São Vicente, onde é produzida a tinta negra, casta "extremamente versátil", introduzida na Madeira no século XVIII e que atualmente representa cerca de 80% das vinhas da região autónoma.
"A economia em Portugal para vinhos regionais e vinhos DOP ainda é pequena. Na Madeira, representa apenas cerca de 150 toneladas de uvas para 12 produtores, o que traduz uma média muito baixa em termos de produção", explicou.
Os vinhos de mesa madeirenses são processados na Adega de São Vicente, que funciona desde 1999 e é responsável por mais de 20 referências (marcas).
"Eu quero estar no mercado madeirense e quero que os madeirenses mudem a mentalidade e percebam que o que é nosso é muito bom. Ninguém está a pedir para deixarem de beber vinhos de fora, mas que bebam também os de cá. Não pensem só que os de lá são melhores. Isso não faz sentido", disse Diana Silva, sublinhando que o consumidor é, de facto, o elemento mais difícil de conquistar.
Os vinhos "Ilha", à venda por 19,90 euros/garrafa, são caracterizados como "muito aromáticos". O branco é cítrico, com notas de líchias e o rosé muito fresco, com notas de fruta vermelha um pouco ácida, ao passo que o tinto é delicado e evoca cerejas e pétalas de rosa.
"Não somos melhores que os outros [produtores], somos diferentes", afirmou Diana Silva, sublinhando que o "ilha" é sobretudo um "vinho de paixão".
LUSA