“É um ano que é histórico do ponto de vista da economia portuguesa, porque, apesar de todas estas crises, em 2022 vamos ter a nossa economia a crescer acima dos 6,5%, que o Governo inscreveu na apresentação do Orçamento do Estado. Podemos, eventualmente, chegar aos 6,8%, o maior crescimento da União Europeia”, afirmou António Costa Silva, depois de se referir à guerra na Ucrânia ou ao aumento da inflação e do custo da energia.
O governante falava na edição de 2022 dos Encontros do Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora, em Fátima (Santarém).
Segundo Costa Silva, neste crescimento “extremamente significativo” há “a contribuição, não só do consumo interno, sobretudo no primeiro semestre deste ano, mas a contribuição da procura externa líquida, sobretudo dos serviços e do turismo”.
Aos jornalistas, o ministro explicou existir “um crescimento acima da expectativa no último trimestre e, portanto, tudo indica que o crescimento pode ficar na ordem dos 6,8%”, valor hoje também estimado no Boletim Económico de dezembro do Banco de Portugal (BdP).
As projeções do Governo que acompanham a proposta do Orçamento do Estado para 2023 apontam para um crescimento da economia de 6,5% em 2022, mas os dados já disponíveis levaram o ministro das Finanças, Fernando Medina, a apontar ainda na segunda-feira para os 6,7%.
Para este crescimento, há também uma contribuição extraordinária das exportações, que “vão chegar a 49%, 50% do PIB [Produto Interno Bruto]”, o que é, igualmente, um “resultado histórico”.
“Vamos ter entre 25 a 30 mil milhões de euros mais em termos das exportações do que tivemos no ano passado”, apontou, considerando que “esses números são indicadores de confiança na resiliência e na competitividade da economia portuguesa”.
O Banco de Portugal melhorou hoje as previsões de crescimento do PIB para 6,8% este ano, mas piorou as de 2023 para 1,5%, e está mais pessimista quanto à inflação, prevendo 8,1% este ano e 5,8% em 2023.
Referindo não ter tido ainda conhecimento das previsões, o governante salientou que “isto é uma demonstração que a economia portuguesa, apesar de tudo, move-se”.
“Temos problemas, temos de os resolver, mas dá alguma confiança para o futuro”, declarou António Costa Silva.
Questionado se os portugueses podem esperar, face a estes números, que o próximo ano seja mais fácil, António Costa Silva respondeu: “2023 vai ser seguramente mais difícil”.
Apontando uma “recessão económica forte na Alemanha”, que é o “motor económico da Europa”, o governante adiantou que “as repercussões vão atingir todo o continente”.
“O que eu digo é que com este crescimento, com a resiliência que a economia está a demonstrar, com alguma diversificação que temos nas exportações, em múltiplas áreas, noutros mercados, sobretudo para o mercado americano ou norte-americano, para os mercados asiáticos, poderemos estar em condições melhores para defrontar essas adversidades, mas não vamos ter, seguramente, um ano de 2023 fácil, que não existam ilusões”, avisou.
Lusa