O forte ritmo de diminuição do número de explorações a que assistiu entre 1977 e 1999, em que metade das explorações da Madeira desapareceu, foram abandonadas ou incorporadas noutras, abrandou a partir de 1999.
Por sua vez, a Superfície Agrícola Utilizada (SAU) diminuiu 15,2% face a 2009, passando a ocupar 4.604 hectares. Estes resultados significam que a área média de SAU por exploração desceu dos 40 ares em 2009 para os 34 ares em 2019.
A SAU é composta por terras aráveis, culturas permanentes, horta familiar e pastagens permanentes, tendo a queda sido generalizada, mas mais pronunciada na horta familiar (-29,0%) e nas terras aráveis (-27,1%), do que nas culturas permanentes (-6,4%) e nas pastagens permanentes (-0,8%).
A evolução nas culturas temporárias foi a que mais contribuiu para a redução das terras aráveis, mais concretamente com a quebra na área de batata (-52,0%) e de hortícolas (-28,5%). Inversamente, nas culturas industriais houve um aumento significativo (+51,8%), resultado do crescimento das plantações de cana-de-açúcar.
Nas culturas permanentes, a diminuição de área verificada foi impulsionada pela queda na vinha (essencialmente nos produtores diretos, ou seja em castas como o jacquez, o americano, o canim, etc) que ascendeu aos 36,4%.
Nos restantes grupos de culturas, com exceção dos frutos frescos (-5,4%), houve aumentos, com destaque para os frutos subtropicais (+26,8%), frutos de casca rija (+18,1%) e citrinos (+17,7%).
Destaque, pela sua importância, para a área de bananeira que cresceu 18,0% em dez anos.
Sublinhe-se que a nível nacional, o número de explorações reduziu-se em 4,9%, enquanto a SAU aumentou 8,1% comparativamente a 2009.
No que respeita aos efetivos pecuários, observou-se entre 2009 e 2019, uma redução dos bovinos de 4,5 mil para 3,9 mil (-14,5%), enquanto os suínos passaram de 16,6 mil para 3,7 mil (-77,7%). Por sua vez, os caprinos registaram uma diminuição de 7,1 mil para 5,2 mil (-26,6%) e as cabeças de ovinos mantiveram-se nas 4,6 mil (-0,7%).
As explorações agrícolas madeirenses continuaram o processo de modernização já evidenciado no último recenseamento, apesar das limitações inerentes a esse processo que derivam da própria orografia, particularmente na ilha da Madeira.
Assim, o número de motocultivadores aumentou em 31,9%, as motoenxadas em 53,9% e as roçadoras em 215,6%. Mas este crescimento não foi uniforme em todo o tipo de máquinas. Com efeito, o número de tratores recuou 18,2% e os motopulverizadores em 28,8%.
A quase totalidade das explorações agrícolas é gerida por produtores singulares (98,6%), mas o número de sociedades agrícolas em atividade mais do que duplicou nos últimos dez anos (+154,0%), passando de 63 para 160. Apesar de as sociedades serem pouco mais de 1% do total das explorações, concentram 5,3% da área de SAU.
De acordo com o RA19, a população familiar agrícola, ou seja, o conjunto de pessoas que fazem parte do agregado doméstico do produtor quer trabalhem ou não na exploração, ronda as 36,9 mil, abaixo das 40,8 mil contabilizadas em 2009, traduzindo uma diminuição de 9,4%.
Dos produtores singulares, 55,2% são homens e 44,8% mulheres.
A idade média do produtor subiu para os 62 anos, mais 2 anos que em 2009, mantendo-se contudo abaixo da média nacional (63 anos).
Quanto ao nível de escolaridade, 6,3% declarou não saber ler, nem escrever, o que representa uma redução muito significativa face a 2019 em que esta situação era caraterística de 14,9% dos produtores.
A formação de nível superior é agora mais comum entre os produtores agrícolas comparativamente ao Recenseamento anterior, com 7,0% a possuir este tipo de formação, contra 2,8% em 2009.
Esta evolução em termos de qualificações também é visível na formação agrícola específica, com 41,9% a declarar ter frequentado cursos ou ações de formação profissional agrícola.