Nas contas nacionais trimestrais relativas ao segundo trimestre deste ano, o INE reviu em alta o cálculo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da economia portuguesa face à estimativa rápida que tinha divulgado em 14 de agosto.
Nessa altura, o INE tinha estimado provisoriamente um crescimento de 2,8% entre abril e julho em relação ao mesmo trimestre de 2016 e de 0,2% em relação ao primeiro trimestre deste ano.
Este desempenho do segundo trimestre face ao período homólogo ficou a dever-se sobretudo à evolução da procura interna, cujo contributo para o crescimento do PIB foi de 2,8 pontos percentuais.
A procura externa líquida, por seu lado, manteve um contributo "ligeiramente positivo", de 0,1 pontos em termos homólogos, verificando-se uma desaceleração em volume das exportações "de magnitude idêntica" à observada nas importações.
Comparativamente com o primeiro trimestre do ano, o contributo positivo da procura interna aumentou, "passando de 0,6 pontos percentuais no trimestre anterior para os 0,8 pontos percentuais", devido ao comportamento do investimento.
O contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi negativo de 0,4 pontos percentuais, "após o contributo positivo no trimestre anterior" da mesma dimensão, verificando-se uma ligeira redução das exportações de bens e de serviços.
Por componentes, o consumo privado aumentou 2,1% no segundo trimestre, após ter aumentado 2,3% nos primeiros três meses do ano, sendo que as despesas das famílias em bens duradouros "registaram um crescimento homólogo menos intenso", de 3,4% contra os 5,9% verificados no primeiro trimestre, devido à "desaceleração da aquisição de automóveis".
As despesas em bens não duradouros e serviços apresentaram uma variação homóloga de 2% no segundo trimestre, em linha com o verificado no trimestre precedente (+1,9%).
Comparativamente com o 1º trimestre, o consumo privado diminuiu 0,2% (crescimento em cadeia de 0,9% no trimestre anterior), em resultado da redução das despesas em bens duradouros, uma vez que a despesa em bens correntes e serviços estabilizou.
O consumo público caiu 0,9% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, sendo de ter em conta que a evolução do consumo público foi influenciada pelo regresso às 35 horas semanais de trabalho na administração pública a partir da segunda metade de 2016, "com o consequente aumento do deflator da componente de remunerações e efeito negativo em volume".
O investimento cresceu 9,3% em termos homólogos, depois de no primeiro trimestre ter aumentado 7,7%, de acordo com o INE, que indica que a formação bruta de capital fixo (FBCF) acelerou de 9,6% entre janeiro e março para os 10,3% nos três meses seguintes, tendo o contributo da variação de existências sido "ligeiramente negativo", de -0,1 pontos percentuais.
Quanto às componentes da FBCF, o equipamento de transporte foi a que mais contribuiu para a aceleração da FBCF no segundo trimestre, "registando um aumento homólogo de 33,1% em termos reais (10,6% no trimestre anterior), influenciada em particular pelo comportamento da componente automóvel".
Também "o crescimento mais intenso da FBCF em construção" teve um papel importante, já que passou de um crescimento homólogo de 8,6% no primeiro trimestre para 9,5% no segundo.
Por oposição, a FBCF em outras máquinas e equipamentos desacelerou (dos 17,6% no primeiro trimestre para 12,7% no segundo) e a dos produtos de propriedade intelectual também registou uma redução homóloga de 2,3% (depois de ter crescimento 0,3% no trimestre anterior).
Comparativamente com o primeiro trimestre, o investimento total aumentou 6% após a variação em cadeia nula registada no trimestre precedente, sendo que a FBCF total passou de uma variação em cadeia de 2,8% entre janeiro e março para 1,1% entre abril e junho e que o contributo da variação de existências foi positivo em 0,8 pontos no primeiro trimestre, depois de ter sido negativo em 0,5 pontos nos primeiros três meses do ano.
As exportações aumentaram 8,2% no segundo trimestre do ano, um "crescimento menos intenso" do que no primeiro trimestre (de 8,2%), "em resultado da desaceleração da componente de bens".
As exportações de bens aumentaram 6,3% no segundo trimestre em termos homólogos, menos 2,8 pontos percentuais do que no trimestre anterior, enquanto as exportações de serviços apresentaram uma variação homóloga de 13,6%, mais 2,8 pontos percentuais do que nos primeiros três meses, "destacando-se o comportamento da componente relativa ao turismo".
Já as importações cresceram 7,5% em termos homólogos, tendo desacelerado o crescimento em relação ao verificado no primeiro trimestre (+8,8%), "refletindo a desaceleração das duas componentes": as importações de bens aumentaram 7,7% no segundo trimestre (abaixo dos 8,3% no trimestre precedente) e as de serviços aumentaram 6,6% (após um crescimento de 12,2% no primeiro trimestre).
Fazendo a comparação com o primeiro anterior, verifica-se que as exportações totais diminuíram 0,2% em volume (após o crescimento em cadeia de 2,9%) e que as importações totais aumentaram 0,7% (depois de uma subida de 1,9% no trimestre anterior).
Em termos nominais, o saldo externo de bens e serviços aumentou, passando de 0,8% do PIB no primeiro trimestre de 2017 para 1,1% do PIB no segundo trimestre de 2017.
LUSA