O restabelecimento da ligação por ferry entre a Madeira e o continente português só é viável com indemnizações compensatórias ao armador pelo Estado, disse hoje o secretário regional da Economia, na apresentação do relatório da auscultação a transportadoras.
Numa conferência de imprensa, no Funchal, Eduardo Jesus revelou que os sete armadores auscultados concluíram que sem indemnizações compensatórias por parte do Estado a ligação é "inviável", mesmo com o pacote de incentivos criados pelo Governo da Madeira.
Eduardo Jesus acrescentou que o caminho a seguir é o de negociar com o Estado a criação de uma linha pública apoiada por essas indemnizações, ao abrigo do princípio constitucional da continuidade territorial.
O secretário regional adiantou que o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, já transmitiu a conclusão do relatório ao primeiro-ministro, António Costa, tendo ficado esta questão, entre outras, agendada para reuniões a decorrer, em princípio, no mês de fevereiro.
A auscultação incidiu sobre os armadores Hellenic Shipping/Hellenic Seaways, Transportes Marítimos S.A. (Grécia); Grandi Navi Veloci (Itália), representada em Portugal pela MSC Cruzeiros; Transinsular, Transportes Marítimos Insulares, S.A. (Portugal); Empresa de Navegação Madeirense Lda. (Portugal); FRS, Fast Realiable Seaways (Alemanha); Matrix, Marine Group (Chipre) e Naviera Armas (Espanha).
A inviabilidade financeira, a sazonalidade da procura e os elevados custos de exploração foram as razões apontadas pelos armadores para não aderirem à operação.
Segundo o relatório encomendado pelo Governo Regional, os armadores apontam "uma linha deficitária".
"Agora, depende das conversações que vamos manter com o Estado", concluiu o governante.
A linha por ferry entre a Madeira e o continente terminou em 2011, depois de o armador espanhol Naviera Armas ter abandonado a rota devido a alegados prejuízos anuais da ordem dos seis milhões de euros.