“A aposta nesta interconexão elétrica açoriana tem como objetivo poder reduzir as tarifas elétricas, ajudando assim a economia e as empresas destas ilhas, que têm sido tão massacradas pelo não apoio no aumento da TSU [Taxa Social Única], pelo aumento de 5% do salário mínimo regional, pelo atraso na chegada dos apoios às empresas, entre tantos outros constrangimentos que dificultam e restringem o desenvolvimento empresarial e social na nossa região”, afirmou a associação empresarial, em comunicado de imprensa.
Em abril, a CCAH, que representa empresários das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, já tinha criticado o presidente do conselho de administração da Eletricidade dos Açores (EDA), Nuno Pimentel, por ter afastado a hipótese de partilha de energia por cabo entre ilhas.
Hoje, os empresários apontaram outros exemplos em Portugal para insistir na “necessidade de ligar todas as ilhas dos Açores através de cabo elétrico”, para otimizar “os recursos energéticos renováveis existentes e os investimentos realizados”.
“As recentes notícias da intenção de interconexão elétrica, através de ligação de cabo elétrico de Portugal a Marrocos, bem como os trabalhos já desenvolvidos pela Madeira, para a instalação do cabo de energia denominado ‘cabo elétrico entre as ilhas da Madeira e Porto Santo’, que partirá da ilha da Madeira (baía do Faial) com destino à ilha do Porto Santo (enseada da Morena), vêm dar razão à ideia defendida pela CCAH”, salientaram.
A associação empresarial, liderada por Marcos Couto, defendeu que “os 147 milhões que a EDA recebe a título compensatório pela ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos] têm de ser bem utilizados”.
“Quanto mais ineficiente for a gestão, mais a EDA ganha e este paradigma tem de ser alterado, até porque quem paga esta ineficiência são as empresas”, acusou.
Segundo a câmara de comércio, há empresas que estão a cancelar débitos diretos “como solução para fazer face à falta de liquidez”, devido ao “aumento tarifário da eletricidade”.
“Não é aceitável que entidades públicas não liquidem as suas dívidas à EDA, no entanto, um qualquer empresário veja a energia cortada ao fim de três meses sem pagamento”, apontou.
O presidente da EDA, empresa detida em 50,1% pela Região Autónoma dos Açores, disse, a 13 de março, que transportar eletricidade por cabos submarinos na região não era “técnica e economicamente viável”.
Nuno Pimentel lembrou que a região já tinha tentado instalar, sem sucesso, um cabo submarino para partilha de energia entre as ilhas do Pico e do Faial, na década de 80, alegando que a região não tinha “fundos marinhos adequados” para soluções deste tipo.
Na altura, a CCAH criticou a "ineficiência de gestão" da empresa e acusou a administração de não querer "otimizar a rede" e de ter uma estratégia para a energia “totalmente errada”.
Entretanto, o vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, apelou aos embaixadores da União Europeia acreditados em Lisboa que apoiem um projeto-piloto para o "estabelecimento de uma rede de transporte de energia renovável por cabo submarino entre as ilhas do grupo central dos Açores, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, para evitar desperdícios de energia produzida".